Erik começou na última segunda-feira uma fase nova na vida dele, e na nossa. O primeiro dia de aula na escola primária.
Confesso que quando olhei para ele no carro, ainda no estacionamento, e ele me disse “I’m so excited!” eu senti a maior vontade de chorar, mas ao contrário, sorri de volta e respondi com um “eu também”.
Estou feliz com a decisão de não ter esperado mais um ano para colocá-lo na escola. Aos 4 anos e 5 meses nós teríamos a opção de esperar mais um ano. No entanto, repetir o ano na pré-escola, ou ficar em casa comigo não fariam bem para ele. Apesar de novinho, de pequeno em tamanho comparado a alguns colegas de classe, e de ser altamente espivetado, ele estava mais do que pronto. Hoje, ao contrário da época da matrícula, não tenho mais dúvidas.
A escolha da escola, não religiosa, que não separa meninos de meninas e que não faz uso de uniforme, também acalma meu coração de mãe. Acho fundamental para a educação dele, e mais do que isso, para a vida, que ele seja tratado como indivíduo (e não mais um num grupo de crianças uniformizadas), que conviva com meninos E meninas, que aprenda a respeitá-los igualmente, e que siga ou não a religião que quiser, não por pressão de uma instituição. Apesar de sermos de famílias católicas (e do Erik ter sido batizado) não gostaríamos que ele fosse catequizado, a não ser que essa seja uma opção dele, e não achamos que educação e religião sejam coisas que se misturem. Amo a idéia de que ao invés do catolicismo ele vai aprender sobre outras crenças, religiões diversas, agnosticismo, ateismo e espiritualidade.
Quando nos mudamos aqui para Swords, em janeiro, colocamos o nome do Erik na lista de espera de TODAS as escolas da região e as vizinhas. Não tínhamos quase nenhuma esperança que ele conseguisse uma vaga, assim “de última hora”. E muito menos numa dessas escolas não católicas (na Irlanda mais de 98% das instituições de ensino primário são religiosas, sendo dessas 90% católicas).
Além das escolas religiosas é comum por aqui, matricular a criança na escola mais próxima possível (crianças que moram no bairro tem vagas garantidas com mais facilidade do que as que moram em outra área). A impressão que eu tenho é que a maioria dos pais utiliza somente esse critério na hora de escolher uma instituição de ensino. Não é raro eu encarar olhares inquisitivos dos vizinhos, ou conhecidos por aqui, quando conto que ele não está numa das escolas que ficam a 2 minutos de casa.
Nós, ao contrário, ficamos muito contentes quando uma escola de outra região ofereceu uma vaga para o Erik. Era exatamente o que esperávamos de uma escola para ele, além de ser uma instituição nova, que está crescendo agora e criando com ela uma comunidade de pais e responsáveis com muita vontade de fazer tudo dar certo.
Apesar da distância (na verdade são somente 10 minutos de carro) e das dificuldades que eu tenho para me locomover com duas crianças sem dirigir, aceitamos a vaga. São alguns sacrifícios que temos feito agora, mas nada comparado ao que ele pode ganhar com isso.
Como eu ainda não estou dirigindo (não sozinha) a rotina por aqui é provisória e estamos, TODOS, nos adaptando às manhãs caóticas. Por enquanto tem sido bem cansativo, mas uma delícia. Em breve, quando eu estiver de carro, vai ficar tudo infinitamente mais fácil.
Aos poucos eu também vou me acostumando com a idéia de ter um filho na escola, que daqui há pouco vai estar aprendendo a ler e escrever.
Parece que foi ontem que ele nasceu. Pequeno e vermelho.
Naquele dia nasceu também o maior paradoxo dessa vida, eu ia amar aquela criança mais do que qualquer coisa no mundo e protegê-lo com toda a minha força, mas a cada dia ia vê-lo crescer e se tornar cada vez mais independente dos meus cuidados. Até o dia em que ele vai sair por essa porta, a mesma das fotos aí de cima, de uma vez por todas, para viver sua própria história.
Nesse dia eu só vou desejar ter feito um bom trabalho como mãe e que ele seja, independente do que for, estupidamente feliz.
N.
10 Comments
Mieny Nakamura
September 2, 2015 at 2:49 pmPosso só dizer uma coisinha? Me emocionei. Com o final em especial, rs.
Hoje, no meio de uma madrugada varada para entregar trabalhos da universidade, vi a fotinha da Elena e ao invés de clicar na seta direita e ver as fotos recentes no facebook, cliquei nas fotos mais antigas e me deparei com um babog com bochechas lindas!
Acho que por isso o post o me tocou tanto. Como ele cresceu! Como já é um rapazinho! E os seus posts me faz sentir tão próxima de vocês, que até eu, que conheço vcs virtualmente, senti a ida dele para escolinha.
Que ele se diverta bastante aprendendo e que traga novas histórias para casa sempre!
Camila Lins
September 2, 2015 at 3:19 pmNivea,
Estou espantada como ele está grande!
E a coisa mais fofa uma criança animada com a escola. Isso é muito importante!
Espero que ele continue se desenvolvendo lindamente.
Beijos.
Veneranda
September 2, 2015 at 5:04 pmQue sequência mais linda a das fotos dele na porta.
No dia que você postou no face dizendo que era o primeiro dia de aula dele, mostrei a foto pro meu marido e ele exclamou: “Caramba! Como ele cresceu! Bacana que a gente vai acompanhando… vimos bebêzinho…e agora está aí… um rapazinho indo pra escola.”
E ó… ele tem razão. É gostoso pra gente que tá do lado de cá! Dá uma emoçãozinha também… e a certeza de que o Erik vai ser muito feliz! =)
Yara
September 2, 2015 at 6:10 pmAi que LINDO!
Também me emocionei com seu post, especialmente o final. Meu menino tem exatamente 1 ano a menos que o seu e ano que vem também vai pra escola de “menino grande”. Bem isso que vc disse: queremos protege-los mas também ficamos felizes de vê-los crescendo e ficando independentes!
Muitas boas aulas pro babog!!
E boa adaptação para vocês todos! (logo vai estar dirigindo super bem, isso é que nem horas de voo) :o)
Luana Bacci
September 3, 2015 at 1:03 pmQue lindinho!!!! Todo animado pra comecar a estudar… Imagino que teria sido pior se ele estivesse morrendo de medo de chorando, nao eh? Eh bom que ele se anime, visto que serao tantos anos de estudo pela frente. Tem tudo pra ser uma experiencia maravilhosa.
Mariana
September 3, 2015 at 2:22 pmQue lindo! E não é mesmo? A gente ama de uma maneira indescritível e ao mesmo tempo vai testemunhando eles irem se tornando cada vez mais independentes, alcançar suas realizações, suas pequenas e grandes vitórias… dá tanto orgulho e amor, mas também uma certa aflição de que crescem rápido demais!
Que seja uma ótima etapa para teu pequeno. E para você também.
Laís Farias
September 3, 2015 at 4:36 pmEu acho a coisa mais linda a maneira como vocês criam o Erik para ser uma criança independente e tolerante.
De verdade, se um dia for mãe, espero conseguir fugir do que é mais prático para mim e dar ao meu filho o que for melhor para ele. Assim como você fez.
Um grande beijo em você, no E (que está cada dia mais lindo!) e na sua pintinha (que parece ser de porcelana de tãão fofa!).
Luciana - Canada
September 3, 2015 at 9:32 pmAi Ni, chorei de soluçar ontem com este teu post. A Sophie tb começou a escola e eu estou aqui num misto de emoçoes… Ela passa o dia la e chega mega cansada e cheia de novidades pra contar. Teu post retratou tudo o que penso, estava mega insegura no inicio do ano, mas percebo que foi a melhor escolha pra minha pequena-grande menina. Um beijo em vcs!
Ricardo
September 10, 2015 at 9:16 pmAhhh, nao me faz chorar nao. O Erik vai crescer um ser humano muito, muito especial e boa parte disso vai ser culpa sua. VOce esta fazendo um otimo trabalho! =)
ernani
September 11, 2015 at 8:27 amVizinha! Ele já virou adulto! Espero que a gente possa se encontrar de novo antes que ele vá pra universidade… 😉 Beijos e parabéns!