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Pretensões e Desabafos

Quando eram pequenos (ou um emaranhado de pensamentos)

Todos os primeiros anos dos meus filhos foram registrados nesse blog mas de uns tempos para cá fui ficando cada vez mais preocupada em manter a privacidade deles. Fui me censurando cada vez mais, a ponto de me calar. Fico pensando no que posso ou não posso dizer e não digo nada.

Tem sido uma luta, porque escrever me traz um alívio muito grande e compartilhar faz com que eu me sinta menos sozinha, menos isolada pela maternidade. Não é uma coisa fácil de explicar, nunca foi, nem quando eu tinha mais intimidade com as palavras do que tenho hoje, mas o escrever nesse espaço de compartilhamento é uma terapia que eu não consigo substituir pela terapia de fato, pelo convívio com as amigas, com grupo de mães de WhatsApp, ou nada que eu já tenha tentado.

Nem me importa que o alcance que eu já tive aqui não exista mais, nem que praticamente ninguém queira mais ler sobre maternidade. Não importa que as pessoas trocaram o texto dos blogs pelas imagens do Instagram e posteriormente os vídeos de TikTok.

Eu nunca me encontrei de fato nessas redes sociais embora até goste do Instagram (ou gostei, já não sei). Gosto de falar nos stories e de ouvir outras pessoas comuns como eu, de postar fotos no feed que servem só mesmo de album para mim (gosto ainda?), mas nunca consegui de fato fazer a transição da minha escrita à limitação de caracteres das legendas das fotos. Estou um limbo por lá, sem vontade de interagir. Sem “conteúdo” para vender, ou melhor sem a menor vontade de vender nada. Fazer dancinha então… pode segurar esse cuspe aí em cima que esse não me cai na testa.

Talvez eu tenha sido feita mesmo para essa interação por aqui, que acontece no meu ritmo, que não é do estar ativa e online o tempo todo. A interação do escrever no meu tempo, de deixar aqui e de aqui ficar por mais de 24 horas. De voltar várias vezes para reler e lembrar ou esquecer.

Só não me peça para manter a privacidade total dos meus filhos, porque eu estou num processo de separar o que é deles do que é meu. O que são meus sonhos do que é a realidade deles. Do que são eles e do que são as minhas expectativas sobre eles. Tudo isso tá confuso para mim.

Vai clarear. Eu sei que vai. E quem sabe no processo eu não me reencontro novamente com a escritora que eu acho que fui um dia.

Então eu vou escrever e te convido para ler.

N.

About Author

42 anos; brasileira que mora na Irlanda; mãe de um filhote de irlandês do cabelo vermelho e muito fogo na bunda, de uma pimentinha de olhos grandes e curiosos e de uma caçulinha que é só sorrisos.

1 Comment

  • Bárbara
    September 6, 2021 at 8:25 pm

    Uma das minhas escritoras favoritas. Enquanto você continuar escrevendo, estarei aqui pra ler tudo!

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