A perfeição em forma materna

Era eu. E olha que durou, viu? 11 meses e duas semanas para ser exata.

Durante 11 meses e 2 semanas eu fui a melhor mãe do mundo, só comparada com a minha. Não sofri de culpa nenhuma, não tive um arrependimentozinho, não fiz nada de errado, nunca. Verdade que eu queria ter amamentado, mas me esforcei tanto, fiz meu melhor, e quando não deu fiquei feliz só por ter tentado e por ele ter tomado pelo menos colostro.

E assim a vida seguia, linda, leve, solta. E perfeita.

Até que no sábado eu resolvo cortar um pedaço do cabelo do menino que cresce feito capim selvagem do lado da cabeça dele. Eu poderia ter mantido meu histórico de perfeição e levado o menino ao cabeleireiro, mas não. Eu poderia ter pedido ao pai dele que fizesse o serviço (assim se desse merda eu poderia culpá-lo), mas não. Eu poderia ter esperado até o final de semana e pedido para sogra, que tem mais experiência do que eu, mas não. Eu poderia ter dado a tesoura na mão do menino porque dificilmente ele teria feito um trabalho pior do que o meu, mas não.

Não, eu resolvi fazer sozinha, no ímpeto, na loucura do momento.

Bom, pela falta de foto do E. nesse post eu imagino que você consiga imaginar o resultado. Mas eu te conto mesmo assim, o que era para ser uma mechinha virou um chumaço de cabelo arrancado pela minha tesoura e deixou um buraco na cabeleira vermelha do pobre coitado do menino que tem fogo na fralda mas não merecia isso.

Felizmente para ele não fez a menor diferença e ele continua fogueteando pela casa como se nada tivesse acontecido. Eu? Eu ainda não me recuperei. Passei o final de semana inteiro lamentando essa infelicidade.

Agora das duas uma, ou vou dizer para ele no futuro que foi o pai quem fez a besteira (afinal é sempre o pai quem faz besteira), ou vou inventar que ele mesmo grudou chiclete no cabelo e eu tive que cortar.

Pensando bem, era essa a versão que eu deveria ter contado aqui no blog, não é?

N.