Há pouco mais de 2 anos passei por uma histerectomia (uma cirurgia de retirada de útero e ovários), e com isso ganhei mais uma chance de viver. Por isso, claro, sou grata, porque você não vai encontrar por aí muita gente que celebre tanto a vida quanto eu.
Mas eu nunca quis celebrar o que perdi. Não queria lembrar do meu útero só com a cicatriz no abdômen que marca sua ausência. Um lugar onde antes só havia vida. Meu útero gerou 3 vidas inteiras, vidas que de diversas maneiras me salvaram e me salvam todos os dias. Foi ainda morada de dois outros bebês que hoje só habitam meu coração.
Eu queria ele comigo, como lembrança de vida e não de morte.
Foi então que eu conheci o trabalho da Jéssica, artista e tatuadora. Contei minha estória e ela ouviu como ninguém antes havia ouvido. Traduziu em traço, tinta e sensibilidade o que não havia mais em mim, pelo menos não fisicamente.
Hoje eu carrego na pele o simbolo da minha força e de vida. Florido, feito primavera que sempre, sempre segue um inverno escuro.
N.
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