Ei, mãe

Ei, mãe, 

Eu te vejo.

Vejo você aí com o bebê que não dorme a noite toda.

Vejo você com a mamadeira na mão, peito vazio e coração cheio de culpa. 

Eu vejo você se recuperando de uma cesária planejada e se desviando do julgamento alheio.

Vejo você pisando em lego, com uma sala que nem de muito longe parece com as que a gente vê no Instagram.

Vejo você que, cansada, cedeu ao miojo e deixou a TV ligada mais do que o pediatra falou que podia. 

Eu vejo você que tem medo de estar fazendo tudo errado. Que tem medo do filho não estar comendo direito; dele ter esquecido o casaco; dele repetir de ano, ou de deus-o-livre se meter com quem não deve; de que ele não seja aceito e amado como você deseja. 

Vejo você chorando escondida no banheiro.

Eu vejo você que sente culpa por não ser perfeita (te conto um segredo: ninguém é).

Vejo você espremida entre o endeusamento da figura materna que se anula em nome dos filhos e os olhares de desprezo de quem acha que ser mãe tá super fora de moda. 

Eu vejo você fazendo o que dá, o que deu. Todos os dias. E acordando amanhã para começar tudo de novo. 

Eu vejo VOCÊ. Eu me VEJO em você. 

E de uma mãe possível para outra, eu te desejo um feliz dia das mães.