Compartilhei, há algum tempo atrás, um texto bastante pessoal sobre estar sofrendo de uma doença chamada TDPM: Tensão Disfórica Pré-Menstrual e nunca mais voltei a falar no assunto (para ler o que eu escrevi durante uma crise clique aqui).
Claro que quem me acompanha no Instagram (a rede social onde estou mais ativa atualmente) já me ouviu falar muito disso, sabe inclusive que algumas vezes eu fui internada por causa da doença, mas estava faltando falar sobre esse assunto aqui no blog.
Resolvi começar tentando explicar o que é a TDPM.
Você com certeza já ouviu falar em TPM (a Tensão Pré-Menstrual), aquela vontade quase irresistível de comer um chocolate, de chorar por qualquer bobagem, brigar com o namorado, as cólicas, dores nos seios; enfim, uma série de sintomas que em maior ou menor escala atinge praticamente toda mulher em algum momento da vida.
A TDPM no entanto, é diferente porque seus sintomas (que até podem ser parecidos com o da TPM) são muito mais debilitantes, causam enormes problemas (tanto na vida pessoal quanto profissional) e podem levar à morte por suicídio.
Acredita-se que ela atinja cerca de 2% das mulheres em idade reprodutiva e seus primeiros sintomas aparecem logo nas primeiras menstruações ou então, após os 35 anos (nesses casos os sintomas costumam ser mais severos e os tratamentos menos eficazes).
Ninguém sabe ao certo o que causa a TDPM, mas ela está ligada à uma reação anormal do cérebro aos hormônios do ciclo menstrual. Ao contrário do que pode parecer não existe nenhuma relação comprovada entre a TDPM e outros transtornos mentais, como a depressão.
Os sintomas, no entanto, se misturam de tal maneira que o diagnóstico só pode ser feito após se estabelecer que eles só ocorrem no período que vai do final da ovulação até a menstruação (e que terminam com a chegada da mesma). De fato, a primeira coisa que o médico vai fazer é eliminar a possibilidade dos sintomas serem causados por essas outras doenças como depressão, transtorno bipolar ou esquizofrenia.
Fisicamente, a TDPM causa ou pode causar, já que os sintomas são diferentes para cada mulher:
- cólicas;
- dores nos seios;
- inchaço;
- dores musculares intensas;
- dores de cabeça;
- fatiga;
- alterações no apetite.
Já os transtornos psíquicos/comportamentais incluem:
- depressão (tristeza extrema ou sensação de desespero);
- ansiedade;
- estresse;
- alterações muito bruscas de humor;
- irritabilidade;
- ataques de raiva extrema (a pessoa pode se machucar ou machucar os outros a sua volta);
- descontrole emocional;
- crises de pânico;
- dificuldades para dormir ou ainda sonolência extrema;
- dificuldades de concentração ou confusão mental;
- despersonalização (quando a pessoa se sente desconectada do próprio corpo, não se reconhece no espelho, ouve sua voz como sendo de uma terceira pessoa, por exemplo);
- desrealização (quando a pessoa se sente desconectada do ambiente e tudo parece uma alucinação, é impossível diferenciar entre real e imaginário);
- pensamentos de morte, ideação suicida ou tentativas de suicídio.
Para o diagnóstico é necessário que a paciente apresente pelo menos cinco dos sintomas acima.
Os métodos mais comuns de tratamento incluem o uso de antidepressivos, tratamento hormonal (anticoncepcional), mudanças no estilo de vida (alimentação saudável, atividade física e prática de mindfulness) e suplementos vitamínicos.
Algumas mulheres reagem bem à esses tratamentos , ou ainda uma combinação deles; para outras, e eu me incluo nesse caso, resta como alternativa a menopausa cirúrgica (remoção dos ovários e às vezes de todo o sistema reprodutor).
Recentemente alguns artigos apareceram na imprensa brasileira a respeito do assunto e achei que valia a pena compartilhar os links aqui:
“Me curei de um problema hormonal que me fez tentar o suicídio” – Revista Marie Claire
Há 4 meses meus sintomas estão sob controle mas essa é uma situação provisória. Meus ovários são praticamente uma bomba-relógio prestes a explodir.
Enquanto isso não acontece eu sigo buscando tratamento e falando sobre o assunto, porque só dessa maneira a gente consegue diminuir um pouco o preconceito, o estigma e a ignorância que cercam quem já sofre tanto com o transtorno.
Assim que possível eu volto para contar como a doença surgiu na minha vida, o diagnósitico e como está o meu tratamento. Então, se você tem alguma pergunta sobre o assunto, pode deixar registrada aí em baixo que eu respondo.
Até breve,
N.
8 Comments
Jamile
August 9, 2018 at 1:08 amOi Nivea, sigo te seguindo (kkk) e torcendo pra resolver isso logo. Mesmo nao tendo TDPM acho legal vc dividir pq muitas sofrem e vc traz o conhecimento. Minha pergunta é se as meninas estão propensas geneticamente a sofrerem. Bjos e na torcida.
Saruana
August 9, 2018 at 6:38 amComo vc descobriu que tinha? Como que surgiu a desconfiança?
Esses dias conversando com uma amiga, cuja a irmã tem transtorno bipolar, ela comentou que a irmã notou que os piores episódios de crise eram de TPM e parece que estavam vendo se ela não tinha TDPM. Lembrei de vc e enviei depois seu blog pra elas. Na verdade, mandei também para outra amiga que enfrentou uma barra recentemente.
É sempre bom ler seu blog. 🙂
Saruana
August 9, 2018 at 6:41 amIgnora minha pergunta. Acabei de ver que vc já escreveu sobre. Vou lá ler. (Risos)
Tamiris martins
August 9, 2018 at 1:23 pmOii nivea… Fiquei taaaao feliz q vc me respondeu no outro post, rsrs
Então, peço que fale no prox post se pretende fazer cirurgia em breve ( parcial ou total como disse no post) ou esperar a menopausa chegar compensa…
Espero q vc fique bem. ??
Beatriz
August 10, 2018 at 3:51 pmOi Nivea!
Eu nunca havia ouvido falar sobre a TDPM até o seu primeiro post e gostei muito não só do desabafo mas também de todas as informações que você tem trazido sobre o tema.
Mesmo te seguindo no Insta, confesso que tenho um prazer enorme em ver que tem post novo no blog! É o meu canal favorito.
Deixo meu abraço pra família e fico na curiosidade sobre as perguntas que já vi nos comentários.
Beatriz
Samara Salles
August 21, 2018 at 9:54 pmExcelente Artigo !! Eu estou adorando visitar blog, sempre tem conteúdo de muita qualidade …. São muitos legais, e interessante ….
Parabéns !!!!
Posso compartilhar este artigo no meu Facebook ?
Meu Blog : https://www.apostandonaloteria.com.br
Sophie Alves
September 29, 2018 at 2:34 amGostei da sua postagem, sempre estou visitando seu blog e lendo suas postagens.. Seu blog está salvo em meus favoritos..
Parabéns!
Amo seu blog ..
Raquel
December 15, 2020 at 1:57 pmMuito bom o seu post, obrigada <3 Tenho 26 anos, há 1 ano e meio comecei um tratamento com psiquiatra para ansiedade/depressão. Por volta dos 16 anos também iniciei um tratamento, com fluoxetina, mas logo desisti. Agora, tomei 3 remédios diferentes ao longo desse tratamento, e não sinto que melhorei. Quer dizer, melhorei dos sintomas, mas minha libido foi embora junto com eles, mesmo mudando de remédios não melhorava.. Agora estou procurando uma ginecologista que me ajude no tratamento. Parei de ir na psicóloga e na psiquiatra que estava indo, não senti que estava me ajudando. A questão é que não tenho depressão, tenho quadros depressivos 1 vez por mês, por uns 8 dias. Com o remédio isso melhorava, a instabilidade do humor era muito mais tranquila. Agora estou há 1 mês sem o antidepressivo, aparentemente vou menstruar amanhã (tenho um ciclo quase perfeito de 26 dias todos os meses) e hoje eu já chorei e gritei com meu companheiro. Ele não entende, eu também não entendo pra ser sincera, é muito cansativo. Antes do tratamento com os antidepressivos eu ficava muito mal, ficava deprimida, tinha ideações suicidas 1 ou 2 dias antes de menstruar. Tinha outros sintomas antes também, por volta de 8 a 9 dias antes de menstruar, mas os dois dias anteriores a menstruação eram os piores, me sentia no fundo do poço. Não queria fazer nada, ver ninguém, conversar, se eu pudesse ficava parada em casa virada pra parede. Num desses momentos mais graves de tpm eu cheguei a comprar 3 cigarros de palha e fumar um seguido do outro, pra que abaixasse minha pressão e eu não conseguisse me fazer mal, fumava desesperada enquanto chorava – e eu não fumo. Minhas experiências com isso são péssimas. Já faltei diversas vezes no trabalho por conta de TPM, ou me atrasava muito, nesses dias próximos a menstruação. Já cheguei a estar de frente pra empresa, 2 dias antes de menstruar, e começar a chorar e soluçar desesperadamente. O mais louco disso tudo é que quando eu menstruo parece que tudo passa e eu sou o ser humano mais equilibrado da terra, como se no dia anterior eu nem tivesse pensado em suicidio. É muito difícil viver a vida assim. Sei que não tenho depressão, estou há 1 ano anotando meus sintomas de TPM, 1 ano com os remédios. Agora esse é meu primeiro mês totalmente sem remédios e também estou anotando. A diferença é gritante. Sou uma pessoa numa parte do mês, e uma pessoa horrível em outra parte. Gostaria de encontrar um tratamento hormonal que funcionasse, acho meio bizarro tomas antidepressivos todos os dias pra algo que acontece só numa parte do mês. Não sei se é fácil encontrar profissionais qualificados para esse tipo de tratamento. A psiquiatra que eu ia, a consulta durava 3 minutos, ela me passava a receita e eu ia embora. Isso pra mim nem devia ser chamado de medicina, né? Enfim, um pequeno desabafo. Seus textos me ajudaram. Tenho receio de precisar tirar meu útero por não encontrar um tratamento, de não conseguir encontrar um equilíbrio tão cedo na vida. Isso prejudica meus estudos, meu trabalho, meus relacionamentos… Incontáveis vezes na vida já perdi oportunidades no trabalho e nos estudos por conta dessa alteração de humor. Cheguei a pensar que eu tivesse transtorno bipolar, mas não me encaixo em nenhum dos sintomas. Depois de conhecer sobre TDPM parece que tudo fez mais sentido pra mim. Eu não sou instável 100% do tempo. Só uns 30% do mês asuhasuhasuh … Obrigada pelos textos, espero que cheguem em mulheres e cada vez mais novas, se eu tivesse descoberto isso anos atrás com certeza evitaria esses tratamentos equivocados como se eu tivesse depressão. Bjs :*