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Filhos & Família / Vida na Irlanda

Catapora lá e cá

Desde que o Erik começou a freqüentar a creche/escola uma vez por semana, quando tinha um ano de idade, que eu recebo semana sim, semana não, um comunicado da instituição avisando sobre a existência de casos de catapora.

Isso porque pelas bandas de cá, catapora é uma doença infantil super comum, que mais dia menos dia atinge toda criança, principalmente aquelas em idade escolar. Vacina existe, mas ela não só não faz parte do calendário nacional de imunização (que é todo fornecido pela rede pública) como não é recomendada pelos médicos.

A razão para isso é que além de muito cara (entre €100 e €120 cada uma das duas doses necessárias) ela não é muito eficaz. Ou seja, mesmo que a criança seja vacinada ela pode vir a pegar a doença (mas dizem que nesse caso ela é muito mais branda do que em crianças que não receberam a vacinação). O grande problema, segundo os médicos daqui, no entanto, é que conforme os anos vão se passando a imunidade ao virus vai diminuindo o que aumenta e muito o risco de se adquirir a doença em fase adulta, o que pode ser muito mais sério.

O governo não paga mesmo, então se você quiser arcar com os custos você pode optar por vacinar pela rede particular. Percebo, no entanto, que praticamente ninguém vacina e o mais comum é que os pais esperem mesmo que os filhos se contaminem o quanto antes. Até porque sem vacina não dá mesmo para evitar já que a catapora é altamente contagiosa antes mesmo dos primeiros sintomas.

Eu nunca tive. Ou melhor, minha mãe jura que eu nunca tive, mas durante a gravidez fui testada (por causa da incidência de casos por aqui e pela gravidade da doença nesse período toda gestante faz o teste) e o resultado foi que eu sou imune. O mais provável é que eu tenha tido uma forma muito, mas muito branda de catapora sem que minha mãe tivesse notado.

Cheguei a pensar que o Erik também pudesse ter herdado minha imunidade porque até então todos os colegas de classe pareciam ter tido, menos ele.

Até duas semanas atras quando ao trocar de roupa notei que ele tinha umas duas ou três pintinhas na barriga.

Na manhã seguinte elas já tinham se espalhado pelo rosto, principalmente, e depois em questão de um ou dois dias Erik já estava com o corpo praticamente tomado.

Segui a recomendação de não levar ao médico para não aumentar o contágio (principalmente num ambiente com muitos bebês e gestantes), avisei a escola e o mantive em casa, o mais confortável possível, até que não surgissem mais pintinhas novas (no caso dele foram quase 10 dias). Tratamos o mal-estar e a febre com paracetamol e um creme em mousse/gel para o desconforto e a coceira, além de um anti-histamínico e de banhos frequentes com aveia.

Ah, e muito mimo, claro.

Confesso que pelo jeito como a doença é encarada por aqui eu esperava algo bem mais tranqüilo. Achei que era quase como uma alergia mesmo, com o surgimento de algumas manchinhas, alguma coceira, e pronto.

Não esperava que fosse ficar tão agoniada de ver um dos meus filhos daquele jeito. Erik que não é de reclamar ficou bem abatido, cansado, sem apetite e teve até a parte de dentro da boca coberta de pintinhas.

Então, não foi legal mas acabou e quando acabou eu estava tão cansada que precisei de férias (volta aqui depois que eu vou contar!).

Ainda bem, porque voltei para casa descansada e preparada para a fase dois da catapora que dessa vez atingiu adivinha quem?

Pois é.

As meninas.

As duas.

Ao mesmo tempo.

Porque como já dizia o ditado: catapora pouca é bobagem. Ou catapora no filho dos outros é refresco. Ou coisa do tipo.

N.

About Author

42 anos; brasileira que mora na Irlanda; mãe de um filhote de irlandês do cabelo vermelho e muito fogo na bunda, de uma pimentinha de olhos grandes e curiosos e de uma caçulinha que é só sorrisos.

6 Comments

  • Tatiana
    June 13, 2017 at 5:53 pm

    Não acredito! Bom, nem sei o que falar. Mas estava aesperando né? Mas as duas juntas! Não precisava, né?OH GOD! Boa sorte, Nívea. Acho que vai precisa ir pra Lisboa de novo! rsrsrsrs beijo

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  • Letícia
    June 13, 2017 at 6:01 pm

    Tadinhos! Morrendo de pena só de ver as fotos…
    Eu quando tive peguei da minha irmã, que passou para a família inteira incluindo primos e tias (menos meus pais que já haviam tido). Mas lembro vagamente de ter tido uma versão BEM mais branda do que ela, que ficou toda coberta de pintinhas igual o Erik. Espero que seja o caso com as suas meninas, dizem que quando mais novo pegar melhor, né? Pensando pelo lado bom (se tem lado bom) pelo menos é dessas coisas que só pega uma vez e agora estão todos imunizados para sempre.

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  • Silvana Nunes
    June 13, 2017 at 7:05 pm

    Nossaaaa…as duas de uma vez??? Boa sorte aí! (tá sumida do Snap!!)

    Reply
  • Mariana
    June 13, 2017 at 7:05 pm

    Que dó de ver né? Tão ruim quando alguma coisa acontece com nossos pequenos!
    Acho tão boa essa postura europeia! Aqui no BR a vacina está no calendário e ninguém discute mais isso, justamente essa questão de que a vacina não seja tão eficiente e se venha a pegar a doença na fase adulta quando é mais complicada, nada disso é um ponto de discussão… e não sabemos os efeitos, teremos que esperar alguns anos até a geração que começou a ser vacinada chegar à idade adulta, já que entrou para o calendário há poucos anos. Aqui se aparece um caso isolado que seja, já é um Deus-nos-acuda entre os pais, que muitas vezes correm na primeira clínica (particular) para desembolsar uma grana para dar uma dose de “reforço”… eu que cresci ouvindo que é uma doença benigna e tenho meu pézinho atrás quando se trata de frisson sobre vacinas e acho exagerado dar vacina a torto e direito do jeito que é aqui, não vacinei minha filha. Talvez ela venha a pegar, talvez não. Eu mesma peguei quando tinha 4 anos, na verdade minha irmã que tinha 2 anos na época pegou primeiro, passou para mim, e eu passei para nosso irmãozinho que tinha 6 meses, e que pegou bem branda (acredita-se que por estar sendo amamentado na época, tenha sido branda). Não me lembro de nada sobre a catapora, a não ser de uma imagem do meu pai passando pomada nas costas da minha irmã. Trauma, não ficou. Rs. Nem marquinhas.
    Espero que seja leve com as meninas e logo estejam todos brincando bem faceiros. O bom é que já ficam todos imunizados!
    Grande abraço!

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  • Bárbara
    June 13, 2017 at 8:21 pm

    Ai Nivea, coragem! Mas bom, pelo menos vocês já sabem como lidar com o problema e podem ficar tranquilos pois depois dessa fase, ninguém mais terá a doença. Acredito que vocês já esperavam que as meninas pegariam catapora também, né? Quando criança lá em casa foi a mesma coisa… acho que eu acabei passando pro meu irmão, afinal de contas, não desgrudávamos! rs Boa sorte!!!

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    • Nivea Sorensen
      June 14, 2017 at 5:27 pm

      Verdade, Bárbara. Era mais do que esperado e melhor mesmo passar por tudo de uma vez só. Obrigada

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