Nada disso era novidade, mas na prática, ah a prática….
O desconforto do pós-parto.
Me falaram que eu ia sangrar: “vai ser igual uma menstruação um pouco mais pesada”. Acho que a parteira quiz dizer hemorragia ao invés de menstruação. E aqueles absorventes que parecem um tijolo? { você que nunca teve filhos, já viu o tamanho dos absorventes pós-parto? }. Os pontos da episio não cicatrizavam. Eu não conseguia sentar. Usar o banheiro? Nem pensar. Deve ser comum porque antes mesmo do problema aparecer já me receitaram um remédio (que não adiantou).
Mastite? Tive também.
Perto disso tudo o parto foi fichinha.
A solidão
Noites e dias que não se diferem e seguem numa rotina sem fim de amamentação e trocas de fralda; você e aquele bebê tão pequeno, tão dependente, tão cheio de necessidades.
A sensação (talvez causada pelo baby blues) é a de que no mundo inteiro ninguém entende pelo que você está passando ou como está se sentindo. Não importa quanta ajuda você tenha, ou quantas mães estejam próximas e tenham passado pelo mesmo.
A mudança de foco
De repente voltar ao trabalho, algo que eu sempre dei como certo, ficou em segundo plano. Não o fiz pelo meu filho, fiz por mim mesma, para satisfazer uma vontade pessoal que via nele a minha grande prioridade.
Voltar a estudar, mudar de carreira, aquele mestrado que eu quis tanto fazer e outros planos de vida, será que eu ainda quero? Já não sei.
O fortalecimento do nosso relacionamento
Filhos não salvam nenhum casamento. Muito pelo contrário, um casal só sobrevive a tal furacão com muito amor e respeito envolvidos. Se a situação era ruim, com a chegada dos filhos vai ficar pior. Agora se já era boa….
Ver o lan se tornar esse pai fantástico que ele é e ver o amor dos nossos fihos por ele é de derreter o coração. Nós fomos namorados, amigos, marido e mulher, mas foi a chegada dos filhos que nos transformou em parceiros. Com certeza meu amor por ele só aumentou desde o nascimento do Erik.
A vontade de aumentar ainda mais a família
Eu não queria ter filhos. E quando quis não cheguei a planejar se ia ter mais do que um. Só depois da chegada do primeiro é que veio a vontade do segundo. E do terceiro. E oremos para que eu fique satisfeita com esse que habita a minha barriga agora porque quatro, quatro não dá.
O poder do parto
Não foram poucas as vezes que falei sobre esse assunto. Antes do nascimento da Elena escrevi esse texto aqui, que ainda descreve muito bem como eu me sinto. A experiência de um parto natural foi avassaladora e transformadora. Nunca me senti tão forte, tão em controle, tão dona do meu corpo.
Um rito de passagem que me transformou numa pessoa muito mais forte.
O perfeito é inimigo do possível
Eu não consegui e não consigo ainda ser vegana, orgãnica, amamentar no peito até os dois anos, usar fraldas de pano, manter as crianças longe do McDonald’s até que elas completem 18 anos, não fazer a TV de babá, ou a chupeta de cala-a-boca.
Eu disse que Erik não assistiria a Galinha Pintadinha e que Elena não comeria sal até os dois anos. Os dois cuspes já me caíram no meio da testa. E não foram ou serão os únicos.
Eles nunca tomam refrigerante (Elena nunca tomou nem suco) mas podem comer coxinha nas festas brasileiras. Erik come doces também, até mais do que eu gostaria. Elena come o que eu comer, mesmo quando essa não é a opção ideal para ela. Compramos brinquedos demais. Não abro mão do horário para dormir e da rotina. Eles usam eletrônicos e assistem TV mais do que eu acho ideal, ainda que as duas coisas sejam limitadas e supervisionadas.
Assim a gente vai vivendo, faço o meu melhor, mas não sou a mãe perfeita nem idealizada.
Que eu ia virar a minha mãe
Eu compro roupas primeiro para eles, e só depois para mim. Eles comem antes, eu como frio. Eles acham que eu não faço nada, eu acho que ninguém me dá valor.
As coisas não ficam mais fáceis
Elas só mudam.
Eles choram, você tem certeza que quando eles souberem falar tudo vai ficar melhor. Aí eles não se calam, nem entendem conceitos como “não”, “daqui há pouco” ou qualquer coisa que o valha. Fazem mil vezes a mesma pergunta. Já disse que eles não se calam? E gritam. Suspeito que gritem coisas cada vez piores conforme a idade.
Trocar fraldas é chato. Mas depois vem o desfralde que é pior. Depois você precisa lembrar o ser, a cada 3 minutos, que ele precisa lavar a mão, dar descarga, apagar a luz e fechar a porta. Suspeito que terei pelo menos mais uns 15 anos nessa função.
Ou seja, cada fase tem suas dores e delicias. Todas únicas.
Ah, e tudo passa. Mesmo.
O maior amor do mundo
Eu sabia o que era amor. Amava minha mãe, amava meu marido. Claro que ia amar os filhos também.
Acontece que nada na vida te prepara para o que a gente sente por um filho. NADA. Devia até ter outro nome porque definitivamente não é a mesma coisa. Ah, não é…
É amor que se basta. Que nem precisa de reciprocidade. Que te deixa feliz só por eles existirem. Quando eles te olham e sorriem, então, é como se o mundo pudesse acabar, como se tudo que você tenha feito antes daquele momento, ou venha a fazer no futuro, não tivesse a menor importãncia.
E de fato não tem.
***
N.
* Esse texto foi escrito e publicado originalmente há quase um ano. Logo depois, por um um problema no servidor do blog ele desapareceu. Recentemente encontrei uma cópia e resolvi publicá-lo novamente. De lá para cá a Lia nasceu, Erik experimentou refrigerante e Elena passou a viver de ar (leia-se iogurte e queijo). O resto? O resto continua a mais pura verdade.
5 Comments
Priscila gemballa
July 31, 2017 at 2:41 pmQue texto lindo
Debora
August 1, 2017 at 4:13 amPerfeito, Nívea! É exatamente assim.
grace
August 1, 2017 at 12:52 pmLindo texto!! Muito amor mesmo…
Monica
August 17, 2017 at 11:47 pmQue texto lindo!!! A melhor explicação sobre o amor materno que eu já li… Voce
Monica
August 17, 2017 at 11:51 pm… terminando o comentário: você deveria escrever um livro, adoro a sua escrita!!! Bjs