Meu vilarejo

Lá o tempo espera
Lá é primavera
Portas e janelas ficam sempre abertas
Pra sorte entrar

(Vilarejo – Marisa Monte)

Hoje eu acordei decidida a tirar a poeira desse lugar.

Um lugar tão meu, por mais público que seja. Um lugar que transborda lembranças, desesperanças e perseveranças.

Nesse lugar eu me tornei imigrante, me tornei mãe, me desconstrui, aprendi a chamar de casa um país estrangeiro, adoeci e depois de parir pela terceira vez me encontrei em quem eu realmente sou.

A vida fora desse lugar anda numa velocidade assustadora mas aqui o tempo para. E por isso, por mais corrida que a vida seja, eu continuo a vir aqui. Pouco me importa que eu não seja escritora, pouco me importa que os blogs estejam morrendo, pouco me importa que a interação seja cada vez menor porque nem sempre as pessoas tem tempo para deixar um oi.

Esse aqui é um recorte da minha vida e eu me orgulho de cada pedacinho dele.

Verdade seja escrita, três filhos pequenos é trabalho para uma comunidade inteira e eu tenho me visto ultimamente estressada, cansada, esquecida, enlouquecida e ao mesmo tempo maravilhada e muito, muito feliz com a minha escolha de abandonar qualquer possibilidade de carreira para cuidar deles. Agora, passados esses primeiros meses insanos de dedicação às crianças e à minha casa me sinto de novo pronta para compartilhar com vocês as pequeninices dessa minha vida.

Então era isso.

Bem-vindos ao meu lugar.

N.

PS. Se você não conhece “vilarejo” da Marisa Monte, vai lá ouvir e me diz se não é muita lindeza?