Desnecessário dizer que, coletivamente, o ano de 2016 foi uma desgraça só. A situação política no Brasil, e no resto do mundo; instabilidade econômica; aumento do conservadorismo e da intolerância – um show de horrores
Acontece que para mim, foi um ano muito positivo. Tão positivo que achei que seria legal listar aqui o que de mais importante aconteceu.
* recuperação *
o inicio do ano foi marcado pelas minhas primeiras semanas em casa depois de um período grande em que estive muito doente, passando inclusive por um mês inteiro de internação hospitalar. Me sentia fraca, sonolenta, com o raciocínio muito mais lento do que o de costume e muito, muito cansada. Ao mesmo tempo estava muito feliz em estar viva e de volta em casa com os meus filhos.
Ao longo do ano as coisas só melhoraram. Em 2016 eu finalmente fiz as pazes com a necessidade de viver medicada. Eu ainda sofro com alguns efeitos colaterais da medicação contra depressão, mas se eles me mantêm viva, que assim seja.
Além disso, assumi de vez o fato de que eu precisava de ajuda, tanto para cuidar dos meus filhos, quanto para me oferecer tempo para cuidar de mim mesma.
O que nos leva ao próximo item da lista.
* au pair *
Também logo no início do ano resolvemos contratar uma au-pair, por um período temporário (aproximadamente 6 meses) até que eu estivesse em melhores condições de cuidar das crianças sozinha. Dessa maneira minha sogra (que havia passado os últimos meses por aqui) poderia voltar para casa, e para rotina dela, e o Ian poderia trabalhar tranquilo sabendo que eu tinha o suporte necessário para me recuperar da última crise sem que ele perdesse dias no trabalho.
Foi assim que a Olívia veio morar conosco no mês de Fevereiro. Desde então ela tem sido parte da família, alguém de quem todos nós gostamos muito.
Graças ao trabalho dela aqui em casa, eu não somente consegui passar pelo período mais difícil da recuperação como pude ter uma gravidez tranquila e feliz.
* gravidez *
Em março, para nossa surpresa, descobri que estava grávida. No início foi um choque e fomos tomados pela preocupação quanto a viabilidade da gravidez por conta da minha medicação.
Passado o susto inicial e depois de consultar minha psiquiatra começamos a curtir a ideia de ter mais uma criança em casa.
A medicação não foi interrompida e tirando os incômodos típicos de uma gravidez, tudo seguiu muito bem. Em nenhuma das gestações anteriores me senti tão bem mentalmente quanto dessa última.
* Erik & Elena *
Enquanto um bebê crescia na minha barriga, Erik e Elena cresciam aqui fora.
Erik completou 5 anos em abril e começou em setembro o segundo ano escolar. Se no ano anterior ele havia tido alguns problemas de comportamento por conta da falta de maturidade (Erik sempre foi um dos mais novos da turma), nesse as coisas correram muito bem. Ele lê e escreve muito bem e teve bons resultados em todas as outras matérias. Continua a ser um menino levado de muito fogo na bunda, mas até com isso a gente se acostuma. Erik é dono de tanta energia, mas tanta energia, que poderia ser um caso a ser estudado e é, por isso, um desafio para mim. Por mais difícil que seja lidar com ele, às vezes, ele não deixa de ser um menino muito carinhoso.
Elena, que completou 1 ano em fevereiro, deixou de ser bebê para virar a menina da casa, a menina dos nossos olhos. Ela aprendeu a andar, a falar, a comer sozinha e cresceu tanto nesse ultimo ano, tanto, que às vezes é difícil de lembrar que ela já foi minha caçulinha. Ela é independente, engraçada, impaciente e cheia de vontades.
* Sobre Os Outros *
Em fevereiro, meu amigo e vizinho de ilha, Ernani, me convidou para escrever uma crônica para o seu novo livro. Foi uma experiência incrível, uma das coisas mais legais que poderia ter acontecido para mim. Em setembro o livro foi lançado e em outubro participei de uma tarde de autógrafos com o Ernani aqui em Dublin.
* Lia *
Em novembro chegou a Lia nas nossas vidas. De novo eu tive a sorte de poder parir naturalmente (de longe a experiência mais fantástica de toda a minha vida) e de ser a primeira a pegar no colo um bebê recém-nascido, o meu bebê.
Naquele momento todas as dúvidas e o medo que tivemos durante a gravidez desapareceram. Lia nasceu saudável, perfeita, sem nenhum efeito colateral causado pelos meus remédios.
A gravidez pode não ter sido planejada, mas a Lia era nosso destino e ela fez de 2016 um dos anos mais bonitos de todos.
Minha recuperação pós-parto também foi de todas, a mais tranquila.
* natal *
Esse foi nosso primeiro Natal celebrado na nossa casa (nós normalmente passamos o Natal na casa dos meus sogros, em Killarney).
Evitei todo o estresse típico dessa época fazendo todas as compras com antecedência e me permitindo me dar uma folga não enviando cartões de natal ou participando de muitas confraternizações. Além disso Ian se encarregou de comprar os presentes das crianças também com antecedência.
A princípio seríamos só nós 5 mas no final das contas Olivia e a família dela também vieram comemorar com a gente.
Foi tudo muito simples, mas muito especial para nós. A melhor maneira de terminar um ano, que também foi especial.
N.
2 Comments
Zulmira
January 5, 2017 at 1:53 amLindo relato. Uma enorme riqueza de experiências de vida contadas de maneira tão simples terna. Obrigada por compartilhar. Felicidades a todos neste 2017. 🙂
Marie
January 10, 2017 at 10:12 pmA melhor parte foram todas as partes emoções puras mas a família da Olívia ter vindo foi muito legal.
Quantos eram ao todo?
Foi simples mas quem preparou o que?
Ler contos e livros nos deixa imaginando as cenas.
Ainda lembro da maratona de 2015 no relato de 2016.
Tudo de melhor com bênçãos sem medidas dentro de seu lar Nivea! Feliz demais pelo seu auge!