Amor com feijão se paga

Outro dia aí eu saí da casa da minha mãe e atravessei um oceano sem saber quebrar um ovo. Não, não é exagero eu juro que antes de me mudar para a Irlanda nunca tinha quebrado um ovo.

Daí aprendi a fazer a cama, passar roupa, tive filhos, larguei um “emprego fora” para trabalhar muito aqui “dentro” mas só me senti crescida mesmo, assim importante, assim dona-de-casa, dia desses quando ganhei minha primeira panela de pressão!

Depois de anos fazendo feijão sem a tal da panela (deixando de molho dia e noite e cozinhando horas e horas), marido resolveu me dar uma de presente. Presente. Isso mesmo. Porque ele é desses que me dá batedeira, máquina de costura e agora panela de pressão e eu sou dessas que a-d0-ra.

Aliás, ultimamente tenho percebido que presente bom é presente últil e não fútil. Por isso escolhi ganhar de dia das mães um processador e uma panela elétrica já que os meus estavam para se aposentar e eu não preciso nem de bolsa nem de sapato (mas não dispensei flores e chocolates).

Desconfio que o presente tenha segundas intenções porque meu marido irlandês adora meu feijão preto com bacon e carne de porco (“carninha yummy yummy” como é conhecida aqui em casa) e porque na semana passada todo mundo jantou feijão com gostinho de queimado, já que de uns tempos para cá eu dei para deixar o feijão no fogo e esquecer da vida (vide post anterior, faz favor).

Mas voltando à panela de pressão, contrariando minha mãe, não explodi a cozinha e o feijão ficou uma delícia.

E olha, só tive que ligar para o marido DUAS vezes no trabalho para me ensinar a usar a bendita. Mas ó, culpa da minha mãe que tinha me deixado com trauma por achar que eu ia acabar explodindo a cozinha.

Pudera, né? Eu não sabia nem quebrar um ovo….

Diz aí se esse mundo não gira mais que baiana em desfile de escola de samba?

N.