O universo conspira #2

Quando minha irmã veio para Dublin eu pedi que ela trouxesse polvilho para fazer pão-de-queijo. Isso porque, depois de pastel, pão-de-queijo é a coisa que eu mais gosto no mundo das coisas gostosas e engordativas. Tem coisa mais delícia que carboidrato e queijo assim tudo junto? E com café quentinho, então?

Ela trouxe dois pacotes. Um eu abri depois que ela foi embora, usei metade, e fiz pãozinho para mim e para o E. comer a tarde inteira. Não sobrou nenhunzinho para I., mas tudo bem porque ele odeia pão-de-queijo. Vale lembrar que nesse mesmo dia ele chegou em casa, sentiu o cheiro do pão que ainda dominava o apartamento, e perguntou quem tinha vomitado.

O outro pacote eu fiz num dos playdates do E. aqui em casa. Engordei as amigas brasileiras e os filhotes irlandeses delas, porque sharing is caring e eu até posso ficar gorda, desde que não seja sozinha.

Agora a metade daquele pacote que sobrou, eu muito organizada que sou, guardei num pote de sorvete vazio tupperware (leia-se tápauer, como a minha mãe), dentro do armário.

Só que ontem eu voltei finalmente a frequentar às reuniões do Weight Watchers e tinha que me livrar do polvilho. Eu consigo fazer a dieta bonitinha, conto meus pontinhos, emagreço toda semana, só que para isso eu PRECISO não ter nada perigoso assim em casa. Para mim “ter é comer”, se tem eu como. Decidi então comer de uma vez e começar a dieta com a consciência pesada mas com o armário vazio.

E lá fui eu bonita (e gorda) pegar o polvilho do alto do armário, cheia de culpa, toda achando que não devia comer. E sabe o que? O potinho abriu e todo aquelo pó branco finíssimo caiu em cima de mim, do balcão da cozinha, no chão, no meu filho que brincava no meu pé. Uma sujeira monumental.

Foi assim que ao invés de comer pão-de-queijo eu terminei a tarde passando aspirador de pó em todos os cantos possíveis e imagináveis.

Sinal divino, só pode.

N.