O meu lado Amélia precisa que as coisas sejam feitas exatamente do jeito que eu quero e quando eu quero, o que me torna o maior pesadelo na vida de um marido e de (futuros) filhos.
E mais, me torna um perigo para mim mesma. Afinal, se as coisas não estão do meu jeito eu me estresso, se me estresso fico doente. Ou então eu tento inúltimente estar no controle o tempo inteiro o que também faz com que eu me estresse.
Se não funciona desse jeito agora, imagina quando o babóg chegar e eu precisar contar com a ajuda de outras pessoas (leia-se I., e provavelmente a mãe dele)? Portanto algo precisava ser feito. Ou melhor, eu precisava mudar.
E aí entrou em cena a tal da Terapia Cognitiva Comportamental, indicação da equipe psiquiátrica da maternidade, que me acompanha para evitar uma crise de depressão pós-parto. O objetivo desse tipo de terapia não é falar sobre o seu passado, mas trabalhar com problemas presentes, e mais do que isso, aprender a agir de forma diferente.
Honestamente, achei que não adiantaria nada, que eu nunca iria mudar. Estava errada. Primeiro por acreditar que o objetivo era uma grande mudança. Não é. São as pequenas coisas que vão fazer a maior diferença na minha vida.
Por exemplo, outro dia arrumei uma grande briga com I. por causa das sacolas do supermercado. Ou melhor, pelo fato de ele não dobrar as sacolas de supermercado do meu jeito e não coloca-las em ordem de tamanho do lado direito da prateleira onde elas DEVEM ser guardadas para manter a ordem do universo. Tudo isso mesmo depois de ele ter ido ao supermercado, ter feito as compras, pago por elas, e de ter guardado tudo nos armários, enquanto fazia o jantar. Mesmo assim, eu surtei quando vi as sacolas todas emboladas no armário.
Comentei o episódio com a terapeuta, explicando que eu não quero ser essa mulher. E juntas discutimos como eu poderia ter agido de maneira diferente.
Depois disso veio o episódio do lixo, que primeiro precisa de uma rápida explicação:
I. não se lembra nunca de tirar o lixo do apartamento. Não tem jeito, a não ser que eu peça quando ele já está saindo pela porta. Do contrário eu acabo insistindo por 3 dias seguidos (e vou acumulando sacolas ao lado da lixeira para o lixo extra) até desistir e carregar o saco para a lixeira do prédio eu mesma. Não sem antes gritar e xingar, deixando claro que marido horrível que ele é, que não faz nada por mim e não dá a mínima para o fato de eu estar grávida e miserável.
Então quando o episódio aconteceu de novo na semana passada meu primeiro instinto foi pegar o telefone, ligar pra ele e começar a briga. Pensei melhor e resolvi então bancar a vítima: mandar uma mensagem de texto dizendo que eu teria que fazer o trabalho dele de novo. Nenhuma das duas opções era uma boa idéia, eu só faria com ele ficasse chateado (afinal ele não esquece por mal) e não resolveria o problema. E foi aí que eu me lembrei da conversa com a terapeuta.
Tirei o lixo eu mesma (afinal estou grávida, não aleijada) e quando ele chegou em casa, sem tom de sermão eu sugeri que ele colocasse um alarme diário no celular, 5 minutos antes do horário que ele sai para o trabalho, para checar se a lixeira está cheia.
Não o tratei como criança, ele adorou a sugestão, aderiu e desde então vivemos felizes para sempre num apartamento que não cheira a lixo.
N.
20 Comments
CesarBardo
March 11, 2011 at 9:28 pmMuito legal esse relato, Nívs!
Cê sabe que eu acho que a gente ser humano tem a tendência a desenvolver a “Síndrome da Infelicidade Eterna” que é essa mania de olhar pras coisas por uma perspectiva que fode tudo!
Aprender a “não querer ser essa mulher” pouco tem a ver com deixar de ser a Nívea que a gente adora e tudo tem a ver com mudar o olhar de direção, sem pieguices de copos cheios ou vazios, mas com um objetivo: ser mais feliz!
Nivea
March 13, 2011 at 8:44 pmBonito,
Adoro sempre seus comentários por aqui. E vc tem toda razão, foi isso mesmo que eu quis dizer com “não querer ser essa mulher”
Muitos beijos pra ti
ka smith
March 11, 2011 at 9:34 pmAmiga,vc sabe que eu te adoro, mas vc é chata, hein?
Ainda bem que a tal da terapia comportamental está funcionando senão eu já entraria com um pedido de custódia pelo E.
hahahaha
beijo
Djamar
March 12, 2011 at 12:42 amhahaha,né???
puta que pariu, coitado do marido!
Nivea
March 13, 2011 at 9:32 pmBebe,
Coitado nada! Eu faço por merecer! 😉
bjs
Nivea
March 13, 2011 at 8:45 pmAh eu sei, como amiga vc pode falar.
bjs
Ursula
March 11, 2011 at 11:34 pmAmiga, nao é por nada nao, vc sabe te adoro, mas COMO PODEMOS SER TAO PARECIDAS???
Nivea
March 13, 2011 at 9:33 pmhaha…. vai ver fomos separadas ao nascer!
Fernanda Lima
March 12, 2011 at 12:02 amNivea!
Teu relato foi bem parecido com o que aconteceu comigo recentemente.. eu dei um xilique gigante com meu namorado por causa do computador.. e me lembro que, nos dias que se seguiram fiquei muitíssimo me sentindo “não querendo ser essa mulher”, percebi que que realmente não precisava daquilo – e ele não merecia – e me decidi a tomar pequenas medidas, gestos simples que mudam toda uma situação e evitam uma bola de neve em um problema que (quase) não existe.
Muito bom se conseguíssemos ponderar e agir certo naquele segundinho decisivo que determina o rumo dessas situações, né?!
um beijo!
nivea
March 14, 2011 at 12:02 pmOi Fernanda,
Difícil mesmo pensar no que falar ou em como falar na hora que o sangue ferve, né?
Bjs
Neda
March 12, 2011 at 3:08 pmNívea, preciso encontrar URGENTE terapia cognitiva comportamental pra mim. Vou já a caça, no país que mais se analiza não é possóvel que não se trabalha com isso também.
Sou chata até dizer chega e da pior espécie, faço cara feia e espero que descubram o que me incomoda, até a faxineira coitada.
Bjs
nivea
March 14, 2011 at 12:03 pmNeda,
Pode procurar que você acha. Depois me conta.
Um beijo
Ana Maria
March 12, 2011 at 5:30 pmMeu Deus Nivs…não se estresse tanto assim não!!! Relaxa…
nivea
March 14, 2011 at 12:04 pmAna,
Vc não sabe, eu virei a minha mãe!
bjos
Chris Ferreira
March 12, 2011 at 7:30 pmOi Nivea,
cheguei aqui pelo blog Mãe Internacionais e também adoro pastéis. kkkk
Aqui e casa que é tipo perfeccionista é o maridão. O que eu costumo dizer para ele é o seguinte:
– somente você faz do seu jeito. Se quer que seja feito do seu jeito, faça você mesmo.
Falo para ele pensar sempre que eu fiz o meu melhor. Sabe que algumas coisas eu até parei de fazer? Por exemplo, não arrumo mais as compras no armário. Aí quando ele reclama que eu estou sentada sem ajudar eu falo.
– essa reclamação você pode fazer porque é verídica. Agora se eu for arrumar com você, vai reclamar que eu não estou fazendo direito. E aí eu vou me aborrecer. Já que vou ouvir reclamação de qualquer jeito, escolho ouvir uma que seja aceitável. kkkk.
Ela já se conformou, e como que o dispensa arrumada do jeito dele. ele que faz.
É isso aí. Ir buscando caminhos para sermos felizes. Adaptando uma ao outro.
Gostei do comentário do Cesar Bardo.
Adorei o post e te conhecer um pouquinho.
beijos
Chris
http://inventandocomamamae.blogspot.com/
nivea
March 14, 2011 at 12:04 pmOi Chris,
Obrigada pela visita, pelo comentário e adorei conhecer seu blog.
Um beijo
Manu
March 13, 2011 at 10:40 amAiiii God! Super me identifiquei com o teu relato, Nivea [e eu acho que isso não é bom, nem pra mim nem poo namorado, nem pro mundo] =/
Vou caçar no mestre google onde encontro essa terapia comportamental por aqui, pq eu tenho consciencia que quase sempre sou eu quem começa as brigas e é sempre por motivos tão estúpidos e ele coitado atura e ainda tenta me aclamamr, em vão… Tbm “não quero ser essa mulher”, preciso evitar rugas =P
Beijo meu, boa sorte na terapia e relaxe 😉
nivea
March 14, 2011 at 12:05 pmOi Manu,
E eu me achando a única louca por aí.
Um beijo
Joana
August 8, 2012 at 4:51 pmJá fui essa mulher, e um pouco além. O mais engraçado é que às vezes imagino a minha reacção se o meu viking agisse da forma que eu costumo agir, e sei que ficaria muito chocada e magoada. Tal como você, estou fazendo terapia (por este e outros motivos) ajudado. Aleluia. Beijo
Nivea Sorensen
August 8, 2012 at 8:39 pmJoana, você tem um viking também? O meu é meio paraguaio, oops, irlandês…
Beijos