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Pretensões e Desabafos

O dia em que o mundo não acabou…

… só porque mudaram meus planos.

Ou ainda o dia em que Murphy imperou e quase me venceu.

Porque anteontem foi esse dia aí. Sabe quando dá tudo errado? Então, um dia de merda que poderia muito bem ter mexido com a minha saúde mental mas que eu escolhi que seria diferente.

Começou de madrugada com a Elena acordando muitas vezes e atrapalhando o sono da casa toda. Normalmente quem acorda com ela de madrugada é meu marido, já que eu tomo uma medicação à noite que me deixa muito sonolenta. Como ela não voltava a dormir Ian trouxe ela para o quarto conosco e eu acabei acordando e dando colo até que ela adormecesse novamente. Só que aí quem não conseguiu mais dormir fui eu.

Noite em claro, oficina do diabo. Não dormir para mim é uma coisa muito séria. O dia seguinte à uma noite mal dormida é sempre um dia difícil para mim.

Quando consegui dormir, adivinha? era hora de levantar. Correria costumeira de manhã para deixar Erik e Elena prontos, de café-da-manhã tomados e encasacados, lanche pronto, mochila arrumada, todo mundo pronto para sair de casa quando eu percebo que “cadê a chave do carro?”. Pois é, Ian usou o carro na noite anterior e esqueceu de deixar a chave em casa. Foi trabalhar de ônibus com a chave do carro no bolso.

Ou seja, Erik não iria para a escola, eu não iria para a academia de manhã e ninguém iria na festa de uma amiguinha à tarde. Ficaríamos todos em casa num dia chuvoso em que a au pair estaria de folga, em que eu estaria exausta e as crianças de mau-humor. Potencial máximo de desastre, não pelo fato de ficar com as crianças sozinha, mas por causa da combinação falta de sono + mudanças de planos.

Esses são meus triggers, ou gatilhos, coisas que dão inicio normalmente à uma crise de depressão. Coisas com as quais eu não lido muito bem.

Acontece que eu tenho de fato aprendido a mudar. Meu terapeuta uma vez me chamou à atenção para a frase que ilustra esse post: nada muda se nada muda. Ou seja, comportamentos repetidos têm sempre o mesmo resultado. Quando o resultado não é bom, por que então a gente segue repetindo o mesmo comportamento e esperando resultados diferentes?

A primeira coisa que eu fiz foi segurar meu ímpeto de brigar com o Ian por ter esquecido de me deixar a chave, apesar de eu tê-lo lembrado disso antes de ir para a cama e de ficar com raiva dele por isso, o que eu faria normalmente. Quando ele pediu desculpas eu simplesmente aceitei. E aceite mesmo. Foi um engano e ninguém é perfeito. Aliás, eu tenho trabalhado muito para diminuir minhas expectativas com relação a mim mesma e a quem me cerca.

Impressionante como ter me livrado da raiva e da frustração me fez bem. Depois disso tudo fluiu. Continuei cansada, as crianças continuaram chatas mas o resto todo se resolveu da melhor maneira possível. O., nossa au pair, se ofereceu para trocar a folga dela e me ajudou com os dois boa parte do dia (em troca ganhou a sexta-feira off) me permitindo descansar e até dormir um pouco à tarde.

Aceitei o fato de que estava cansada e que não ia conseguir fazer muita coisa e que tudo bem. Tudo bem precisar de ajuda, tudo bem passar algumas horas do dia na cama. Eu não preciso ser perfeita, eu não preciso ficar ligada no 220 o dia todo e fazer mil coisas para me sentir produtiva.

E não é que o mundo não acabou?  Não só não acabou como terminou muito bem e comigo muito mais forte, obrigada.

N.

About Author

42 anos; brasileira que mora na Irlanda; mãe de um filhote de irlandês do cabelo vermelho e muito fogo na bunda, de uma pimentinha de olhos grandes e curiosos e de uma caçulinha que é só sorrisos.

12 Comments

  • Célia
    February 18, 2016 at 1:08 pm

    É isso aí Nívea: paz…o que mais importa? Beijos em você e nos filhotes lindos! 🙂

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  • Didi
    February 18, 2016 at 1:14 pm

    Eu tenho o mesmo comportamento. Mudanças de plano pelas coisas darem errada me deixam extremamente mal, irritada, brava, nervosa. Haja treino para respirar fundo e conseguir lidar. Nem sempre consigo, infelizmente. Na maioria acabo gritando, ficando chateada e descontando em quem estiver ao redor.
    Quem sabe um dia eu vá conseguir lidar melhor com isso como você não é mesmo?
    beijos

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  • Mariana
    February 18, 2016 at 2:58 pm

    Parabéns! Sei como é irritante quando as coisas saem do planejamento, mas que bom que você manteve a calma e que no fim as coisas deram certo.

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  • Andreia
    February 19, 2016 at 6:18 pm

    É chato quando as coisas não saem conforme planejamos, mas seu terapeuta tá certo rs. Eu também AMO dormir, quando a noite vai mal o dia também caminha no mesmo sentido. Tenho aprendido a mudar também.

    Abraço!

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  • Bibi
    February 22, 2016 at 3:50 pm

    Verdade verdadeira. O nosso dia, como vamos passar, depende muito de nós, de como enfrentamos as coisas. Eu tenho um ímpeto muito grande de sair brigando por tudo, mas já percebi que nunca consigo o que quero e ainda estrago meu dia e dos outros. De que adianta?
    O mundo não vai parar por minha causa, por causa dos meus problemas. então, melhor baixar a crista, esquecer que o mundo gira ao redor do meu umbigo, e tocar a vida.
    Difícil começar… mas é mais simples e leve, né?!

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  • Marie
    February 28, 2016 at 10:27 pm

    Boa!
    Foi sábia, acudiu a ajuda e ela veio em ótima hora!

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