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Pretensões e Desabafos

Adeus ano velho {2015}

Se eu disser, ou escrever, ou pensar que seja, que 2015 não foi um ano difícil, muito difícil, eu não vou estar sendo honesta comigo mesma ou com ninguém mais. Não é questão de ver um copo meio cheio ou meio vazio, mas de olhar o copo com a quantidade exata de água, sem que isso seja necessariamente bom ou ruim (como tanto tenho aprendido com a prática de meditação).

Eu nunca acreditei, e continuo não acreditando que para ser feliz a gente deva enxergar um lado só da vida. Felicidade para mim é outra coisa, muito mais ampla, muito mais colorida que branco ou preto. Eu tive um ano muito difícil que não deixou de ser feliz.

Foi um ano em que eu experimentei muita dor. Primeiro com a gravidez e meu problema de coluna me deixando praticamente imóvel por um mês inteiro (janeiro). Erik foi obrigado a deixar de ir à pré-escola porque eu simplesmente não conseguia andar. Deitar e levantar da cama, só com ajuda. Subir escadas, com muletas, devagar e com muita dor. Descer? Só de bumbum.

Dor de espera. Por mais que doesse eu sabia que passaria e sabia que no final ia conhecer o bebê habitante da barriga que ao crescer tanto doía. Por aquele bebê toda dor valeria a pena. E valeu.

Foi um ano em que doeu tanto que passei ele inteirinho medicada contra à depressão que eu vinha sofrendo desde a gravidez do ano anterior.

Mesmo com a medicação a dor foi aumentando, gradualmente. Durante muitos meses (quase a metade inteira do ano) estive muito mal. Tão mal que se eu olhar para trás hoje não sei como me mantive tanto tempo de pé, tentando continuar quando todo o meu corpo me dizia para parar um pouco. Como eu não parei, uma dor enorme invadiu minha vida. Tão grande que não dava mais para ver outra coisa além dela.

Dor de morte. Tamanha que com ela não dava mais para viver. Dor de existir sem estar presente, essa não valia a pena. Depois veio uma internação por um mês todo até que a dor toda foi embora e só sobrou vontade de viver.

No entanto, 2015 é para mim e vai sempre ser o ano de outra dor. Dor de vida. Dor de luz. Dor de parto. 2015 é o ano da Elena. Do doce mais doce que a vida já me deu.

E se não bastasse a chegada de um bebê para chamar de nosso, 2015 ainda foi o ano da nossa casa nova. O nosso primeiro ano na nossa casa. Ano em que meu bebê maior cresceu de vez. Erik iniciou a vida escolar e aos poucos um caminho cheio de letras se desdobra na sua frente.

Foi um ano tão grande que não parece ter cabido em 365 dias.

Por tudo isso eu sou grata.

2015 poderia ter sido um ano de dor não tivesse sido um ano de gratidão.

2016 não vai ser diferente. Nem precisa.

N.

 

About Author

42 anos; brasileira que mora na Irlanda; mãe de um filhote de irlandês do cabelo vermelho e muito fogo na bunda, de uma pimentinha de olhos grandes e curiosos e de uma caçulinha que é só sorrisos.

14 Comments

  • Alessandra Mosquera
    December 31, 2015 at 5:54 pm

    Feliz ano novo, Nivea!
    Seu post é lindo e com muita emoção.
    2015 foi duro sim, mas nos trouxe muito aprendizado. Que esse aprendizado nos traga a paz. Beijos pra vc e sua família.

    Reply
  • Priscila Santos
    December 31, 2015 at 10:46 pm

    Nivs….. feliz 2016!!! Que este ano seja maravilhoso e cheio de coisas boas….. 2015 foi um ano difícil… mas que te trouxe muito aprendizado e amor!!! Beijos

    Reply
  • Zulmira
    January 1, 2016 at 5:03 pm

    Nívea, você sabe fazer doces não apenas com açúcar, mas também com as palavras. E com a vida. Feliz 2016.

    Reply
  • kel
    January 1, 2016 at 9:40 pm

    Que texto lindo, que maravilha você poder olhar para todas as nuances da vida com o coração cheio de gratidão. Muita saúde e paz neste ano novo! Bjs

    Reply
  • Grace
    January 4, 2016 at 1:29 pm

    Que belas palavra Ni,
    me emocionei aqui, desejo que esse ano novo seja de menos dores para todos nós…
    Beijo grande,
    Grace

    Reply
  • Célia
    January 4, 2016 at 3:12 pm

    Ah Nívea…eu gosto tanto de te ler… Que assim seja! Feliz…muito feliz ano novo! Beijosssss 🙂

    Reply
  • Marie
    January 8, 2016 at 12:10 am

    Gratidão.
    A palavra mais linda.
    Tem de ser um ser muito poético para poder ver tantas dádivas no meio de tanta dor.
    Parabéns, é preciso ter a alma elevada para não deletar e tão pouco não ancorar no que não funcionou como deveria com tantas outras hermozuras atrás das cortinas.
    Parabéns por esse olhar.
    Vc já tentou se dedicar a pintura?
    Pinte o que vc vê e sente Nívea.
    Escrever tá pouco
    Quer ganhar dinheiro em casa?
    Abra um canal no YouTube mostrando esse país maravilhoso e suas contando suas superacões.
    Um abraço fraterno.

    Reply

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