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Pretensões e Desabafos

1 em 100 mil

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A Ingrid é uma brasileira, assim como eu. Ela mora em Dublin, assim como eu. Ela tem um filho de 2 anos de idade, um menino, assim como eu.

Eu não conheço a Ingrid pessoalmente, na verdade nem virtualmente. Da Ingrid eu só conheço um pouco da história. Mesmo assim eu arrisco dizer que, assim como eu, tudo o que a Ingrid quer nessa vida é ver o filho crescer.

A Ingrid tem leucemia. A doença foi descoberta ao final da gravidez e por causa do tratamento ela não pode amamentar nem passar os primeiros meses de vida do filho ao lado dele. Ao contrário da Ingrid, eu não sei o que é isso.

O câncer se foi, mas infelizmente, voltou com mais força. Agora, para continuar vivendo, a Ingrid PRECISA de um transplante de medula óssea. E assim como ela, existem outras milhares de pessoas esperando por um doador.

Eu, ao contrário dessas pessoas, tenho saúde para dar e vender. Ou melhor, para doar. Apoveitei a viagem ao Brasil para me tornar uma possível doadora e me cadastrei no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME). Para isso fui ao hemocentro da minha cidade e o processo todo, do preenchimento da ficha à coleta de amostra de sangue, não durou 10 minutos. Rápido, fácil e indolor. Infelizmente o local estava vazio.

O processo para doação, caso você seja compatível com algum paciente da lista  (o que é descoberto depois da realização de outros exames complementares), também é considerado muito simples. Simples demais comparado ao bem que você pode fazer.

As chances de encontrar um doador são de 1 a cada 100 mil doadores cadastrados. Já não é muito, imagina então se você levar em consideração que as pessoas não se cadastram, por ignorância, preguiça, falta de compaixão, ou deixa-pra-amanhã?

Se tem uma coisa na qual eu acredito é que a gente tem por obrigação agradecer o que a vida dá. Mas não é agradecer do tipo dizer obrigado, não é rezar e se dizer grata, não é ir à igreja e comungar. Agradecer é retribuir, é dar em troca, é oferecer. Seja tempo, dinheiro, um pedaço de você, todo mundo tem o que dar.

E quem é mãe tem que dar em dobro, porque além da vida a gente dá o exemplo.

N.

Para maiores informações sobre como se tornar um doador acesse o portal do Instituto Nacional do Câncer, o INCA. Deixa a sua desculpa para lá e faça algo realmente importante nesse Natal.

About Author

42 anos; brasileira que mora na Irlanda; mãe de um filhote de irlandês do cabelo vermelho e muito fogo na bunda, de uma pimentinha de olhos grandes e curiosos e de uma caçulinha que é só sorrisos.

15 Comments

  • Denise Ferreira
    December 5, 2013 at 1:09 pm

    Já doei muito sangue, e preciso urgentemente voltar para me cadastrar como doadora de medula! Só não sei se amamentando posso fazê-lo, vou descobrir!

    Preciso dizer que o novo layout ficou lindo demais!
    Beijos
    De
    (http://bemquesequis.com)

    Reply
  • Ananda Etges
    December 5, 2013 at 1:11 pm

    Também sou doadora e escrevi sobre isso em um blog adormecido que tenho: http://nandaetges.wordpress.com/2008/04/03/uma-chance-de-me-redimir/.

    Aqui as informações para pessoas de Porto Alegre que queiram fazer o exame: http://nandaetges.wordpress.com/2008/04/09/seja-voluntario/

    Espero que divulgando a gente possa plantar essa sementinha em muitas pessoas.

    Beijos!

    Reply
    • Nivea Sorensen
      December 5, 2013 at 1:51 pm

      Ananda, muito bonito o seu texto. Obrigada por compartilhar x

      Reply
  • Mari
    December 5, 2013 at 1:32 pm

    Ni, adorei esse texto!
    Ajudar o próximo não é compartilhar corrente no Facebook e nem doar dinheiro no final do ano e ter a “dívida” quitada com Deus pelos próximos 12 meses. É doar amor, carinho, afeto e, por que não, saúde o ano inteiro! E nem precisa ser mãe, bons exemplos até uma criança pode dar e contagiar o próximo.
    Parabéns!
    Beijo meu

    Reply
    • Nivea Sorensen
      December 5, 2013 at 1:50 pm

      Mari, você tem toda razão e bons exemplos são sempre bem-vindos. Eu só quis enfatizar a importância dos pais nesse processo, já que somos nós os exemplos mais próximos para uma geração que está em formação.
      Obrigada e um beijo

      Reply
  • Manuelle Maia
    December 5, 2013 at 1:39 pm

    Que linda iniciativa, Nivea! Linda de viver!

    Eu tava lendo sobre o como fazer o cadastro etc, e vi que mesmo que vc seja compativel com alguèm de outro pais, a doaçao acontece no centro onde vc se cadastrou inicialmente. Desculpa a minha ignorancia, mas nesse caso nao seria melhor (mais pratico) vc ter feito o cadastro em um centro na Irlanda?

    Eu sempre quis doar sangue, meu irmao ja fez inumeras vezes, quando eu atingi os 50kg fui fazer a minha primeira doaçao, mas disseram q eu nunca iria poder doar sangue ou material hepatico pq tive meningite quando era bebe (graças a Dog sobrevivi sem nenhuma sequela). Fiquei muito triste com isso, mas vou passar essas informaçoes pro meu gemeo, tomara q ele se cadastre, e eu posso dizer que ajudei em uma minima parte alguèm. =)

    Um beijo, e parabèns pela vontade de doar!

    Reply
    • Nivea Sorensen
      December 5, 2013 at 1:49 pm

      Manu,
      Aqui na Irlanda brasileiros (sul-americanos na verdade) não podem doar (nem sangue), por causa da doença de chagas. Aqui por inexistência da doença eles não fazem o teste, o que colocaria em risco os receptores.
      Eu nem sabia que poderia doar no Brasil, justamente por morar fora, mas ele me disseram que não haveria problemas. No caso da Ingrid, por exemplo, parece que ela iria ao Brasil caso eles encontrem um doador por lá. Eu pensei bem e decidi que se um dia for compatível com alguém não vou me importar de ter que voltar a SP para completar a doação. Vale a pena você pesquisar como é aí na ítalia.
      Um beijo

      Reply
      • Manuelle Maia
        December 6, 2013 at 10:51 am

        Ahhh tà, entendi! Nossa, nao pensava que sul-americanos nao podiam doar aì na Irlanda.
        Eu tava lendo como era aqui, e nas informaçoes do site nao tinha nenhum veto para estrangeiros, somente em caso de quem jà teve doenças do sangue, pq seria muito arriscado. =/

        Reply
  • Pâmela Bandeira
    December 5, 2013 at 2:01 pm

    Lindo texto viu…
    Já doei sangue várias vezes e sou cadastrada como doadora de medula óssea desde 2010.
    Parabéns pela iniciativa, bjus!

    Reply
  • Liza
    December 5, 2013 at 3:46 pm

    Já doei sangue, mas nunca me cadastrei para doar medula óssea. Lindo texto e linda iniciativa. Da próxima vez que dor no Brasil vou me cadastrar porque bons exemplos devem ser seguidos. Parabéns!

    Reply
  • Juliana Valera
    December 5, 2013 at 7:46 pm

    Bacana seu post, viu!!

    Para quem está aqui nos EUA, deixo então a dica da Icla da Silva Foundation, se vc quiser colocar no post o link, seria bem legal também. Não precisa ir no Brasil, a gente pode se cadastrar no país que reside mesmo!

    http://www.icla.org/

    O site tem versão em português e eles têm 6 diferentes localidades!

    Beijos

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