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Pretensões e Desabafos

Concluindo

1837624Cheguei recentemente a uma conclusão, baseada em quase nenhum conhecimento de causa, pouquíssima experiência, nenhuma formação acadêmica e no estudo de um único caso. No caso, meu único caso é o caso do meu filho único mesmo.

Meu filho único que quando está sozinho comigo é a das crianças mais fáceis de se cuidar. Sim, ele continua cheio de fogo na fralda, correndo, se ralando todo, falando pelos cotovelos e dando trabalho. Mas é o trabalho normal, que toda criança dá (o que não me impede de terminar o dia cansada e ter meu surtos de vez em quando, veja bem). Acontece que sozinhos nos entendemos muito bem, obrigada. Agora, quando está junto com o pai (em menor escala), ou pior, na presença dos avós, E. se transforma de tal maneira que eu nem gosto de ficar perto.

É como se entre ele e eu houvesse um código invisível de conduta. Tudo devido à nossa rotina. De manhã é sempre mais caótico, E. requer atenção e eu estou ocupada com algumas tarefas da casa, mas assim que tudo está no lugar nós saímos e eu tiro pelo menos 2 horas para ficar só com ele. Vamos ao parque, dar uma volta de carrinho, a pé pelo condomínio, no playground ou playcentre. Na volta, sempre lá pelo meio-dia, é hora do almoço. E. come sozinho sentado à mesa, dando quase nenhum trabalho, enquanto eu dou um jeito na cozinha, adianto o jantar, e etc, ou simplesmente me sento ao seu lado e conversamos.  Ao terminar ele já está com sono e vai para o berço sem protesto, sem drama. Então dorme, e dorme bem, de 2 a 3 horas (e normalmente eu preciso acordá-lo), enquanto eu aproveito para cuidar da casa, de mim, estudar e trabalhar. No período da tarde ele costuma brincar bem sozinho, janta sozinho, assiste um pouco de TV e começamos a rotina da hora do sono (banho, mamadeira, estória e berço). Claro, que quando eu digo “sozinho” não quer dizer que eu não esteja SEMPRE por perto.

Com I. em casa a rotina é a mesma e E. sabe disso, mas acaba ficando um pouco menos independente na hora de brincar, é que como se não conseguisse brincar sem que um de nós dois esteja com ele 100% do tempo.

Agora a presença de qualquer outra pessoa na nossa casa (minha irmã que visita uma vez ao ano é exceção), muda tudo por completo. O menino que come sozinho em 20 minutos me obriga a correr atrás dele com um prato de comida por mais de uma hora, não come quase nada (faz a maior sujeira deixando comida cair no chão) , não dorme porque está com fome, depois não come porque está cansado, faz escândalo para trocar fralda ou tomar banho, leva mais de 2 horas para dormir à noite (e só dorme depois de muito choro, muito colo e uma mãe a beira da exaustão). Para completar, chora a noite inteira, voltando a acordar de hora em hora (está muito cansado e normalmente com fome por não ter se alimentado bem de dia). Ficamos todos (leia-se eu e ele) cansados e mal-humorados.

Ai eu fico aqui só pensando comigo que criar filhos sem nenhuma família por perto pode ser mais uma dádiva do que um castigo.

Mas ó, só lembrando… isso tudo é puro achismo da minha parte.

N.

About Author

42 anos; brasileira que mora na Irlanda; mãe de um filhote de irlandês do cabelo vermelho e muito fogo na bunda, de uma pimentinha de olhos grandes e curiosos e de uma caçulinha que é só sorrisos.

22 Comments

  • ka smith
    June 19, 2013 at 10:18 pm

    A Chloe vira um monstro na presença da minha sogra, prefiro até evitar visitas longas, parece que ela testa a gente a cada minuto, a Mia ainda não entende sobre manipulação e o Breno já passou dessa idade…mas sinto que criar filhos “sozinha” pra mim é bom…

    Mas o que eu acho mesmo, de verdade, é que TUDO é fase, não tem jeito….

    Um beijo

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    • Nivea Sorensen
      June 19, 2013 at 10:37 pm

      Ka, se eu tivesse escolha acho que preferia evitar, sim. A “ajuda” acaba me causando mais transtorno do que outra coisa, tenho mais trabalho do que teria normalmente. Não sei se é fase, não, porque no fundo não é ele quem muda, são os “outros” que mudam tudo e ele fica perdido sem a rotina. Mas enfim, espero que passe claro, se não considero me mudar para outro país =)
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  • Paula Atkinson
    June 19, 2013 at 11:09 pm

    Eu acho tao legal ler suas historias, porque as vezes acho que estou nesse mundo sozinha e voce me ajuda a ver melhor que meu filho nao e o unico e que tudo eh fase, apenas preciso ter um pouco mais de paciencia e que logo logo vai melhorar 🙂

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    • Nivea Sorensen
      June 25, 2013 at 3:05 pm

      Paula,
      é que no fundo mãe é quase tudo igual mesmo =)
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  • Thaísy
    June 19, 2013 at 11:18 pm

    Aqui em casa ‘era/é’ exatamente assim.

    Eu morava bem pertinho de meus pais e o filhote mais velho adora visitá-los (e eu precisava muito da ajuda para olhá-lo, já que trabalho viajando). Some isso ao fato de eu ser separada do pai dele. O fusuê estava formado, uma rotina lá em casa, outra nos avós e OUTRA totalmente, radicalmente diferente na casa do pai.

    Isso vem mudando drasticamente pois me mudei para longe e comecei a enxergar que eu tinha outras estratégias de onde deixá-lo quando eu viajasse, além da companhia do meu esposo que precisa também se dedicar ao Miguel. Mas olha, passou e agora quando eles vem aqui em casa consigo me impor como a mãe (toda poderosa (haha) e reduzi (quase eliminei) as visitas longas.

    E, ele cresceu também né? Vai ver era uma fase também.
    Paciência Ni, já viu que esse é mantra da maternidade?

    Um beijo!!

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  • Juliana Valera
    June 19, 2013 at 11:35 pm

    Tomara que seja só fase!
    Sempre achei que criança precisa de rotina mesmo, talvez ele fique perdido quando tem outra pessoa… Talvez você precise achar um jeito de provar pra ele que outra pessoa em casa não necessariamente muda a rotina da casa e da família.
    Não sei, são só palpites de uma leitora sem experiência nenhuma no assunto.
    Beijos

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    • Nivea Sorensen
      June 25, 2013 at 3:06 pm

      Juliana, acho que preciso é explicar para os outros que a rotina não deve mudar, sabe?
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  • Aline Melo
    June 20, 2013 at 12:59 am

    Nívea, mais um caso IGUALZINHO aqui em casa. Meu marido trabalha em plantões, então fica em casa dia sim e dia não. No dia em que ele está, eu tenho vontade sumir. Arthur está com um ano e oito meses e nos dias com o pai parece outra criança: teimoso, birrento, brigão e carente, tudo junto. E olha que eu sigo a nossa rotina de todos os dias.

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  • Luciana
    June 20, 2013 at 7:33 am

    Aqui em casa tbém é assim.. desde q o Uri nasceu, eu sinto q qdo estamos só nós 2, o negocio flui como numa sinfonia. Ele sabe o q tem q fazer, eu tbém, e assim vamos, sem stress, sem choro. Já cheguei a ser surpreendida por um dia de férias da creche (eles avisaram, eu não anotei e não pedi folga), peguei meu laptop, pus na sala, trabalhei com ele brincando do meu lado, ele viu pouquissima TV (q seria o esperado qdo a mãe tem q trabalhar e ele se ocupar sozinho), brincou um monte, eu trabalhei, cozinhei, almoçamos, pus pra dormir… tudo numa calma, numa harmonia…

    Ai qdo o pai ta por perto é td mais tumultuado, com ctza, mais choro, mais manha.. E se vem outra pessoa então, ai é o caos. Ele fica super chato, agitado, e eu sinto q o tempo todo estão observando e testando minhas atitudes com ele, minha forma de educar. Não q eu ligue, mto pelo contrario, mas eu acho q influencia…

    Eu acho q ajuda da familia é boa (seria, no meu caso, pq eu não tenho NENHUMA. Nunca tive alguém q ficou com ele por 5 minutos pra gente, tirando minha familia qdo fomos pra Espanha e qdo fomos pro Brasil), acho q é bom qdo eles pegam a criança e “somem” com ela… ai, se desobedecer, se demorar pra comer, se fizer manha, problema é deles.. mas no meu nariz não rola não…

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    • Nivea Sorensen
      June 25, 2013 at 3:08 pm

      Luciana, eu também acho que ajuda só se levarem o menino mesmo, porque comigo perto eu só vejo meu trabalho aumentar.
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  • Celi
    June 20, 2013 at 10:41 am

    Também acho Nívea que outra pessoa da família, qualquer que seja a pessoa, altera a rotina dos nossos pequenos. Outro clima em casa! Além disso, acredito que estamos tão acostumadas em ficarmos somente com os filhos e marido que preferimos muitas vezes esse sossego e a rotina habitual. Porém, algumas vezes é inevitável… temos que passar por isso e aprendermos a lidar também. Apesar que tenho certeza que faz um bem tremendo para nossos filhos o convívio com outras pessoas. Não é mesmo?
    Um grande beijo.

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  • Veneranda
    June 20, 2013 at 12:26 pm

    N., é assim mesmo. Os pequenos são muito sensíveis a qualquer mudança na rotina. Mesmo que a rotina, propriamente dita, não mude com a presença de outras pessoas.
    Acho que eles entram naquele clima de “novidade” que gera uma excitação, uma vontade de não perder nenhum minuto do que estiver acontecendo. E aí… vai tudo pro espaço mesmo.
    Mas fica tranquila que a tendência é que isso diminua à medida que ele for crescendo e aprender a lidar com as mudanças do mundinho dele…

    Bjo

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  • Anna
    June 20, 2013 at 1:50 pm

    Pensei que era só comigo! O bebê de casa tem 18 meses, o pai trabalha em plantão noturno 3x na semana. Estando só comigo, bebê janta na boa, dorme no horário. Papai na área? Só vai dormir depois das dez. Avó, então… Vira zona.

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  • Juliani de Paula
    June 20, 2013 at 10:48 pm

    Pelos comentários essa teoria não é só sua não!
    Aqui em casa é a mesma coisa, quando tem plateia tem show!
    Espero que com o tempo melhore!

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  • Liza
    June 21, 2013 at 1:22 am

    Olha parente por perto é bom pra cuidar quando a gente quer dormir mais um pouquinho ou fazer um programinha a dois por que não a preocupação se esta em boas mãos mas olha 15 dias em Cork e eu me peguei pensando a mesma coisa porque todo mundo quer dar pitaco. Bem chato, mesmo. Morar longe é a melhor coisa 🙂

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