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Pretensões e Desabafos

Explica, por favor?

Não existe nada mais brega do que falar de amor de mãe.

Não existe. Pensei em invisible bra aparecendo (sabe aquela alça enorme de plástico amarelado no meio das costas da nega que acha que ninguém está vendo?), em música do Fábio Jr. (até aquela das metades da laranja), em homem de pochete, mas nada ganha do esteriótipo do maior amor do mundo.

E aqui estou eu (que gosto do Fábio Jr., viu?) tomando a maior cusparada na cara, depois de ter me prometido nunca vir com essa baboseira de que ninguém ama como amam as mães. Cuspi para cima e ainda fiquei em baixo dançando a macarena esperando o cuspe cair na testa.

Então lá vai: eu amo aquela criatura pequena, ruivinha e gordinha mais do que é possível imaginar. De um jeito que eu não consigo entender. E eu sou bicho teimoso que odeia não entender alguma coisa. E eu queria saber, eu queria que alguém, psicólogo, psiquiatra, filósofo, pai de santo ou anão de jardim me explicasse que porra de amor é esse. O que é isso que enche meu peito quando eu olho para ele e ele sorri de volta? O que é isso que me faria matar, morrer ou comer quiabo? O que é isso que faz com que eu nem ligue quando ele esfrega as mãozinhas sujas de macarrão na parede branquinha? O que é que me faz nem ligar para a bagunça, para a gritaria, para minha falta de tempo, de dinheiro, para minha dor na coluna quando ele quer brincar de aviãozinho? O que me faz querer abraçar, segurar, beijar, sentir o cheiro dele mesmo quando ele está dormindo? O que é que me faz ir ao quarto só para ter certeza que ele respira, que está vivo.

Eu posso não saber o que é, mas sei que vicia. Tudo o que eu consigo pensar é que eu quero sentir isso para sempre. Eu quero isso de novo. Eu quero mais.

Será instinto? Será química? Será que a natureza explica?

Pergunto à Darwin ou pergunto à Deus?

N.

About Author

42 anos; brasileira que mora na Irlanda; mãe de um filhote de irlandês do cabelo vermelho e muito fogo na bunda, de uma pimentinha de olhos grandes e curiosos e de uma caçulinha que é só sorrisos.

17 Comments

  • Veneranda
    August 17, 2012 at 12:17 pm

    N.,
    Eu juro que te explicaria se, ao longo desses 23 anos de experiência materna, já tivesse descoberto o que é esse amor. Mas a única coisa que eu sei é que a gente continua sentindo isso “Ad infinitum”…
    Os meus “meninos” há muito já não rabiscam as paredes e os móveis com giz de cera, há muito não deixam brinquedos espalhados pela casa mas, o meu coração continua se enchendo de orgulho e alegria quando os vejo tão crescidos, companheiros, cúmplices, em conversas que se estendem noite à fora enquanto assistem os jogos da NFL, ou seus filmes preferidos…
    Não, definitivamente, eu não sei que amor é esse! Mas sei que ele preenche a minha vida de uma forma inigualável! Assim como imagino que o seu amor pelo E., preencha a sua!
    E é bom demais, né? 😉
    Beijo pra vocês!!!!

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    • Nivea Sorensen
      August 19, 2012 at 12:01 pm

      Vere,
      Há um tempo atrás encontrei um velhinho no hospital que me disse exatamente a mesma coisa.
      Um beijo

      Reply
  • grace
    August 17, 2012 at 12:29 pm

    oxe, não se explica… só se sente e é muito bom mesmo… como pode uma criaturinha te enfrentar e querer mostrar que manda e ainda assim vc tem vontade de rir??? Sei não… acho que é coisa de Deus!

    Reply
  • Priscila Santos
    August 17, 2012 at 12:54 pm

    Nivs, na verdade é simples assim: Sem Explicação………é um amor tão grande e tão forte que nunca jamais alguem conseguiria explicar!!!!
    Confesso que estou emocionada de ler seu post, ainda mais hoje que minha pequena esta completando 3 aninhos…….e eu amo tanto e não queria que crescesse.
    beijos e saudades…….beijinho no E. porque ele é um fofo.
    PS: a foto esta linda!

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    • Nivea Sorensen
      August 19, 2012 at 12:02 pm

      Obrigada, Pri. Um beijo grande em você e na Mari x

      Reply
  • Camila
    August 17, 2012 at 12:55 pm

    Tenho um texto no meu e-mail de um Especialista em vínculos humanos. Que se encaixa perfeitamente no seu post de hoje e no de ontem. É maravilhoso, que diz que o amor é uma construção contínua que se fortalece diariamente com responsabilidade e comprometimento. Ou seja, “Para dedicar tempo aos filhos, é preciso deixar outras coisas de lado”.

    Concordo plenamente com ele, embora eu não tenha filhos.

    Como futura Psicóloga, gosto do debate, da reflexão, pois cada indivíduo pensa e age de uma forma, então eu tenho uma opinião sobre isso e todas as outras pessoas do mundo tem também.

    E já que eu adoro um debate e reflexão, deixarei uma explicação, de uma Psicóloga, que era grande defensora dos filhos, sobre amor incondicional (o tal amor de mãe, mas que nem todas tem): O único amor incondicional que existe é dos filhos para os pais. As crianças precisam muito mais dos pais: para crescer, ser guiadas, ter proteção, ser alimentadas, receber valores e, sobretudo, ser amadas. Os filhos não precisam provar seu amor aos pais, mas se os pais amam seus filhos devem dar a eles provas desse amor, acompanhando seu crescimento, transmitindo-lhes valores, colocando limites, frustrando quando necessário, oferecendo um modelo de vida que faça sentido. Sem isso, o amor será apenas palavras.

    Nada no mundo é absoluto, muitos pais vão discordar, mas o que vale é a reflexão.

    Reply
    • Nivea Sorensen
      August 19, 2012 at 12:03 pm

      Camila,
      Eu li esse texto. Concordo com muitos dos pontos do autor e discordo de outros. Sem dúvida uma ótima reflexão.
      Um beijo

      Reply
  • Bruna Dalfré
    August 17, 2012 at 2:47 pm

    Eu também não entendo, não há explicação, apenas sei que é maravilhoso e esse amor só aumenta!É divino….

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  • Luciana
    August 17, 2012 at 3:31 pm

    Engraçado ver esse seu texto hoje, estava levando a Sophie na creche e pensando exatamente a mesma coisa. Chega a dar falta de ar…
    E a gente fica besta, né? Sensível pra coisas que nem tchum antes e tão forte pra tantas outras…
    Adorei!
    bjs!

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    • Nivea Sorensen
      August 19, 2012 at 12:04 pm

      Luciana,
      Fica besta mesmo. E fica chata também querendo que todo mundo sinta a mesma coisa, não é?
      x

      Reply
  • ernani
    August 18, 2012 at 6:03 am

    Huummm… quero mais, é?? Posso esperar novos sobrinhos em breve?? Lindo demais, mommy! Bjao

    Reply
    • Nivea Sorensen
      August 19, 2012 at 12:05 pm

      Novos sobrinhos tortos virão num futuro ainda não tão próximo, vizinho. Mas ó, vamos cobrar uma visita, hein? x

      Reply
  • Thaísy
    August 20, 2012 at 5:09 pm

    Haha!

    Deixo ser brega porque eu também sou… e duplamente!!

    Um Beijo!!

    Reply
  • Dayse Freitas
    April 4, 2013 at 8:04 am

    Nivea,

    o mais incrível de tudo isso é ver você contando sobre o lado nem sempre fácil da maternidade e vira e mexe vir com esses posts lindos que parecem tão sinceros qtos os que relatam as dificuldades. Ou seja, um amor sublime, incondicional mesmo.

    Estou grávida de 5 meses do meu primeiro bebezinho e já nao sou a mesma desde o dia em que descobri que seria mãe <3

    Beijos
    Dayse

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