Barack Obama que me perdoe

Terça-feira, 7 da manhã. Filho acordado depois de ter passado horas no hospital na noite anterior (febre, gripe, faringite, dente nascendo, diabo no corpo, pacote completo), depois de não ter dormido praticamente nada, depois de uma gritaria sem fim madrugada a dentro. Eu de pé por osmose. Casa de pernas para o ar. Marido sai para trabalhar e me deixa sozinha de camisola com o filho chorão.

Tenho uma entrega de cupcakes para fazer e nem sei por onde começar.  Bato o bolo de chocolate ou o branco primeiro? Tem que fazer os recheios, tem que bater a ganache (uma de chocolate branco outra de chocolate meio-amargo) para dar tempo de esfriar. Mas a massa também tem que estar fria antes de cortar todos os bolinhos para rechear. E o recheio? Já fiz os recheios? Tem que começar porque se não a manhã não vai ser suficiente. E tem que dar café-da-manhã para o filho, tem que trocar a fralda. A cama desarrumada e meu café ficam para uma outra hora. Filho não quer ficar no chão de maneira nenhuma, quer colo, quer que eu balance, quer que eu cante o repertório da Galinha Pintadinha. Eu quero a minha mãe, quero voltar para cama e dormir, quero um pedaço de chocolate para melhorar meu humor, mas vou para cozinha com o filho no colo.

Ainda assim ao meio-dia eu consegui que a casa estivesse em ordem, eu de banho tomado e trocada (até comer eu consegui), o filho ainda chorão devidamente almoçado (pelo menos tentei já que ele não quis comer mesmo), e todos os cupcakes embalados e prontos para serem entregues.

Agora fala aí seu Obama, tá achando que pode mais do que eu? Só no dia que o senhor parir, seu Obama, com todo meu respeito.

N.