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Livros

Amélia Letrada (dezembro e janeiro)

Tudo junto numa tacada só, porque dezembro e janeiro foram meses de férias no Brasil, muito sol e praia nenhuma (odeeeeio praia), e então eu li pouco mesmo.

Foram dois livros só (um em cada mês), os dois bem pequenos, os dois em português, os dois comprados no Brasil (um foi presente da minha irmã) e os dois escritos por mulheres.

***

A Vida Que Ninguém Vê – Eliane Brum

“O mundo é salvo todos os dias por pequenos gestos. Diminutos, invisíveis. O mundo é salvo pelo avesso da importância. Pelo antônimo da evidência. O mundo é salvo por um olhar. Que envolve e afaga. Abarca. Resgata. Reconhece. Salva.”

A Vida Que Ninguém Vê é um conjunto de crônicas da repórter Eliane Brum (que atualmente tem uma coluna semanal na revista Época), publicadas originalmente pelo jornal Zero Hora, de Porto Alegre, em 1999. Todas tratam do comum, do ordinário, de gente que não é notícia. Ou melhor, de gente que muita gente faz questão de não ver. Todas magistralmente escritas.

Foi difícil de ler. No melhor sentido que você puder dar à palavra “difícil”. Difícil olhar o outro pelo olhar tão apurado e tão sensível dela e não se emocionar.  Por várias vezes fui obrigada a interromper a leitura para controlar a choradeira (é, eu sou chorona). E ao mesmo tempo, toda vez que terminava uma história já queria emendar a próxima.

Eu que já gostava muito dos textos da Eliane Brum, e gosto ainda mais de biografias, de realidade, e do que nem sempre é belo, fiquei completamente encantada. Tanto que o livro ainda está na minha mesinha de cabeceira, meio como se eu ainda não tivesse tomado coragem de me separar dele. Meio que esperando notícias de todas aquelas pessoas de quem eu nunca mais vou ouvir falar.

Uma obra-prima.

 

A Hora Da Estrela – Clarice Lispector*

Eu nunca tinha lido Clarice Lispector. Nunca. Por mais que tivesse ouvido falar  na estória da Macabéa, por alguma razão inexplicável, nunca me interessei pelo livro.

Isso até a minha última circulada pela Livraria Cultura em São Paulo. Aliás, A Hora Da Estrela foi o único livro que eu trouxe na mala (para mim, porque E. ganhou alguns livrinhos de lá).

E guardei, como quem guarda um doce para comer mais tarde. Não abri o livro enquanto estava no Brasil, não o abri no avião ou no aeroporto. Queria estar em casa, queria o sossego da minha cama (eu leio sempre à noite, antes de dormir), queria degustar.

Queria demais e me decepcionei.

Preparem as pedras, mas eu não gostei.

Por que será, hein? Nem eu sei dizer.

***

N.

*PS. Eu tinha dado o crédito errado a Cecília Meireles

About Author

42 anos; brasileira que mora na Irlanda; mãe de um filhote de irlandês do cabelo vermelho e muito fogo na bunda, de uma pimentinha de olhos grandes e curiosos e de uma caçulinha que é só sorrisos.

8 Comments

  • Silvana
    January 31, 2012 at 11:21 am

    N.

    Li a Hora da Estrela nos tempos de faculdade, e achei uma chatice monstra.

    Podemos dividir as pedras, ok?

    Abraço,

    Silvana

    Reply
  • Fernanda Lima
    January 31, 2012 at 1:00 pm

    Fantástica Eliane Brum. Sábado retrasado participei de um curso onde assistimos a uma entrevista dela falando sobre O Olho da Rua e acho que não dá pra gente saber mesmo qual das obras dela é a melhor, impressionante.

    um beijo.

    * eu estou no finalzinho sofrível dA Menina que Roubava Livros, já sabe, né.

    Reply
    • Nivea Sorensen
      February 1, 2012 at 10:59 am

      Depois me conta o que achou, Fernanda?
      A propósito, recebeu meu email?
      x

      Reply
  • Mari
    January 31, 2012 at 4:34 pm

    Aiii que delícia! Se tem uma coisa que eu sinto muuuita falta são dos meus livrinhos de folhas brancas e capa dura! Aliás, eles tão bem perto da minha família na escala de saudade. Hahaha

    E Ni, A Hora da Estrela é da Clarice Lispector e não da Cecília Meireles… Hehehe… Também nunca li nenhuma das duas embora tenha livros das duas lá em casa. Aliás, A Hora da Estrela tá na minha estante há décadas esperando o dia que eu vou ter ânimo pra lê-lo.

    Reply
    • Mari
      January 31, 2012 at 4:35 pm

      E eu acho que eu tô com tique de falar “aliás”. Hahaha
      Beijão!

      Reply
    • Nivea Sorensen
      January 31, 2012 at 4:42 pm

      hahaha… Mari, de onde eu tirei essa eu não sei. Pior, eu tava com o livro na mão quando escrevi.
      Obrigada pela correção.
      Beijos

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