Achados e perdidos

Eu falando em São Longuinho e não é que outro “santo” aparece na minha vida?

Sexta-feira era dia da consulta de 6 semanas, minha e do filhote. I. resolveu tirar o dia de folga para aproveitarmos a ida ao médico e registrar E.

Ainda na quinta-feira separei todos os documentos necessários. Guardei os passaportes na bolsa para não perder, e a certidão de casamento com tradução juramentada foi colocada na pasta onde elas normalmente ficam guardadas. Arrumei a bolsa com as coisas de E. (eu que não sabia o que era estresse até ter que sair de casa com o pequeno), o carrinho, minha bolsa, tudo.

Uma vez no carro, na neura do “será que esqueci alguma coisa”, quase chorei só de imaginar o que vai ser a viagem ao Brasil no final do ano. Afinal para que se estressar amanhã com o que você pode se preocupar hoje? Tive saudades do tempo em que para sair de casa eu só precisava pegar a bolsa.

Tudo certo no médico (ou quase já que ainda tenho problemas com os pontos), lá fomos nós para a espécie de cartório onde se registram nascimentos. Ao chegarmos fomos informados que demoraria cerca de uma hora, uma hora e meia. Esperamos. Eu cansada e de mau-humor com a demora.

Finalmente depois de mais de duas horas chamaram nosso nome, entramos numa salinha a portas fechadas, a oficial perguntou onde nos casamos e pediu para ver a certidão de casamento original (já que o casamento não aconteceu na Irlanda). Abri a tal da pastinha que trazia comigo e… cadê a certidão? Sumiu, desapareceu, escafedeu-se.

Como eu tinha certeza de ter conferido os documentos antes de sair de casa, a certidão só pode ter caido da pasta no trajeto do apartamento para o carro (na garagem do prédio), ou de onde estacionamos o carro até o cartório. I. refez o caminho, olhou no carro, e nada.

Voltamos para casa sem a certidão de nascimento de E.. Tempo perdido. Dinheiro gasto com horas de estacionamento perdido. E uma vez perdida a fé na minha capacidade de organização, chorei de raiva.

Ao chegar em casa liguei correndo para a minha mãe pedindo que providenciasse o mais rápido possível uma segunda via da dita cuja e tentei (ninguém disse que eu consegui) não pensar mais a respeito.

E aí para minha surpresa, no sábado, depois de ter passado o dia no centro com os meus meninos (fiz compras, almoçamos fora), recebo uma mensagem no Facebook com o título “marriage certificate”.  Pois é, um homem encontrou a minha certidão na rua e fez questão de tentar me localizar online para devolvê-la. Disse para I. ao telefone que adora o Brasil, passou lua-de-mel lá, gostou tanto que voltou no ano seguinte para o aniversário de casamento, e blá blá blá. Aliás, foi por reconhecer a palavra “casamento” em português que ele sabia se tratar de um documento importante.

Pra você ver que ainda existe gente que acha bom uso para o Facebook.

Agora vou encontrá-lo amanhã, próximo ao cartório, para pegar o documento e terminar o processo de registro de E. Para agradecer a gentileza comprei uma caixinha, uma sacolinha, um thank you card, e fiz brigadeiros.

Afinal de contas, doçura eu retribuo com doçura. Já os pulinhos, esses eu guardo para o tal do São Longuinho mesmo, que a propósito é Santo de verdade, segundo me contou o Google.

N.