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Pretensões e Desabafos

Off the Fags

Esta é a minha história com o cigarro.

Eu não lembro quando comecei a fumar, mas foi bem depois dos 20 anos. Comecei assim, meio como quem não quer nada. Tinha sempre um maço de malboro light na bolsa, mas ele durava uma eternidade.

O hábito veio mesmo quando comecei a trabalhar no CNA e o cigarro virou sinônimo de controle de estresse e momento social. Ainda hoje sinto falta daqueles intervalos de 15 minutos regados a tragadas e conversa fiada na porta da escola. Todo o mal causado pela nicotina nos meus pulmões parecia ser compensado por aqueles momentos de puro prazer.

Ao vir para a Irlanda me deparei com duas realidades: a do alto preço de um maço de cigarros (beirando €9,00), e do emprego de au pair que me impedia de fumar, e diminui drasticamente. Nunca, no entanto, senti vontade de parar de vez.

Conheci I., que também fumava, e uma coisa levou a outra. Por um tempo, fumamos os dois, muito. Inclusive dentro do apartamento. Com o tempo resolvemos diminuir, cortamos o cigarro dentro de casa e só fumávamos no caminho para o trabalho, e quando saíamos. De novo, não tinha vontade de parar.

Aí fiquei grávida e não vi outra opção. Nunca cogitei conciliar a gravidez ao hábito de fumar. Então, no dia em que caminhei de casa para o trabalho naquele manhã que tinha consulta marcada no médico (ao suspeitar que estava grávida) fumei meu último cigarro. Algum tempo depois, I. também parou de vez. Para me dar apoio moral, pela sua saúde, e para não dar o exemplo para o filho.

Ainda assim achava que não tinha sido uma decisão minha, tomada pelo meu bem-estar. E achei que assim que parisse, ia querer  ir para a porta da maternidade fumar um cigarro, nem que fosse o último, o de recompensa pelo trabalho de parto. Óbvio que tomada pela adrenalina de ter acabado de ter um bebê (o que aliás, deve ser o maior barato natural na face da terra), nem pensei nisso.

E não pensei a respeito até os últimos dias, quando tomada pelo estresse de cuidar de um recém-nascido, a vontade de fumar mais uma vez surgiu. Não que eu quisesse transformar isso num hábito novamente. Mas eu queria sim, um último cigarro.

Na sexta-feira quando I. chegou mais cedo do trabalho, e depois de um dia difícil, decidi que ia sair para tomar um café e fumar. Um só. Contei pra ele, para não me sentir a criminosa, e lá fui eu.

Comprei um café, me sentei numa mesa do lado de fora, e fumei meu cigarro. O primeiro depois de muitos meses. E não é que foi exatamente como eu esperava? Nojento.

Aí cheguei em casa, tirei toda a roupa, coloquei tudo no cesto de roupa suja e me enfiei em baixo do chuveiro, feliz com minha consciência e com a minha nova decisão.

Essa é minha história com o cigarro. E ela termina aqui.

N.

About Author

42 anos; brasileira que mora na Irlanda; mãe de um filhote de irlandês do cabelo vermelho e muito fogo na bunda, de uma pimentinha de olhos grandes e curiosos e de uma caçulinha que é só sorrisos.

17 Comments

  • Mi
    May 23, 2011 at 8:14 am

    parabéns! nada melhor do que parar com o vício e estar satisfeita com a decisao. seus pulmoes e os do neném vao agradecer demais 😉 bjs!

    Reply
  • DanyGouveia
    May 23, 2011 at 8:20 am

    Que bom Ni, parabens pela escolha…
    E o melhor de tudo quando fazemos sem ser obrigados a isso…=)

    Bjkas

    Reply
  • Brunalemanha
    May 23, 2011 at 8:27 am

    Mas veja só, palmas para ela!!
    Eu espero chegar nesse level também. Antes de um baby se possível. Por enquanto é meu laxante matinal e não tô a fim de me libertar rs

    Tenho uma amiga também que fumava pacas, e depois de ser mãe ela diz que sente uma certa repulsa. Interessante isso!

    Anyway, parabéns viu? Mulher de ferro, decidida e cheia de força!!

    Bjim!

    Reply
  • ka smith
    May 23, 2011 at 8:29 am

    Apoiada amiga!
    Cigarro bom é cigarro morto! hahaha

    beijoooo

    Reply
  • Fernanda
    May 23, 2011 at 9:08 am

    História parecida com a minha. Exceto pelo fato de que comecei a fumar aos 13 (parando e voltando até os 27) quando engravidei. E vou te dizer, minha filha tem 1 ano e 2 meses, além de não ter voltado a fumar (coisa que nunca achei que conseguiria fazer), sinto o mesmo que vc: nojo. Aqui, na Suécia, como provavelmente na Irlanda, o povo fuma muito; e sempre tem alguém tragando na porta do shopping ou de restaurantes. Aff…. disgusting! Vc não volta não… principalmente pelo exemplo… a gente não quer perpetuar ese feio hábito e ter que ouvir um dia: “mãe, você tem o mesmo cheiro do motorista do ônibus!” sem preconceito.

    Reply
  • Daniela
    May 23, 2011 at 9:30 am

    Ahh Nivea, vc me faz rir e chorar.
    Muito bom.

    bjo
    Dani

    Reply
  • ana paula
    May 23, 2011 at 10:02 am

    Acredita que me emocionei ao ler este seu post? Simples, direto e forte. Sim, pois a decisão de parar de fumar e seguir em frente, acredito, deve ser uma das mais dificeis. Bisous : )

    Reply
  • Ernani
    May 23, 2011 at 10:25 am

    Isso que é história com final feliz!!
    Congrats!
    bjos com orgulho!

    Reply
  • Ingrid
    May 23, 2011 at 11:35 am

    Parabéns querida, é uma conquista maravilhosa! =)

    Reply
  • Karina M.
    May 23, 2011 at 12:24 pm

    Ní,

    Parabéns pela a decisão!
    Eu nunca fumei, mas meu marido fuma.
    Ele diminuiu bastante, principalmente depois que engravidei, pois o cheiro do cigarro me enjoa e muito!
    Agora que o Gabriel está prestes a nascer ele diz que vai largar de vez. Tomara mesmo que ele faça isso por ele, por mim e pelo Gabriel.

    Beijocas

    Reply
  • Neda
    May 23, 2011 at 1:52 pm

    Parabéns!
    Meu pai fumou bastante até minha mãe ficar grávida, ai ele decidiu que o melhor era parar de fumar e parou, assim “cold turkey”. Todos diziam que na maternidade ele ia voltar, não voltou, nunca mais voltou. Mesmo assim, 35 anos depois, quando está nervoso pensa no cigarro e mais de uma vez foi flagrado segurando lápis e canetas como se fossem cigarros.
    beijos

    Reply
  • Cintia
    May 23, 2011 at 3:10 pm

    Nivea, parabens! Nao vou mentir, adoro um cigarrinho. Meu marido odeia e claro que nao ia fumar agora que a Sofia nasceu. Mas juro que penso em fugir e fumar um so as vezes. Parabens pela forca de vontade. Beijao!

    Reply
  • Cris
    May 23, 2011 at 7:53 pm

    Nivea a melhor parte é “o maior barato natural na face da terra”… pois é né… filho deixa a gente na maior brisa… kkkkkk
    E qto ao cigarro ainda bem que parou pq é uma MERDA msm… agora uma bebidinha até que caí bem… rsssss

    BJOUXXX

    Reply
  • Ursula
    May 23, 2011 at 10:09 pm

    Amiga, foi uma das melhores histórias deste blog. Sensacional, deveria virar case para fumantes!!! PARABÉNS

    Reply
  • Nivea Sorensen
    May 24, 2011 at 11:40 am

    Queridos,
    Obrigada pelo apoio.
    Beijos em todos

    Reply
  • Ana Paula
    May 25, 2011 at 12:14 am

    Poxa Nivea! Que legal! Eu já fumei, na faculdade, mas nunca fui de comprar maços e tal. Mas era algo que eu me culpava, principalmente na manhã seguinte a um noite regada de cervas e cigarros. Então parei total.
    Acho realmente que não deve ser fácil! Mas tento um bebezinho em casa, com certeza o que se leva em conta é a saúde do pequeno. Sem dúvida!!
    Parabéns!!

    Reply
  • BiLL
    June 3, 2011 at 4:11 pm

    Linda a história, Nivs! Esses dias eu tava pensando mesmo “será que ela parou?” ahahahahah… Muito legal! O jeito que você escreveu foi perfeito também, ficou tipo um suspense no final. Cheers =)

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